Breve histórico...

Minha foto
"O diabo desta vida é que entre cem caminhos temos que escolher apenas um, e viver com a nostalgia dos outros noventa e nove." Fernando Sabino

domingo, 7 de julho de 2019

Inspirada por Bluesman, escrevi

O primeiro esporte
a unir brancos e pobres,
o primeiro esporte a 
romper com todo o
preconceito e gerar passaporte,

O futebol era a alma,
a cor, a vida, o pulso,
mas morreu.
O futebol morreu.
É lixo.

A partir de agora considero tudo lixo:
o futebol é lixo, o Brasil é lixo, a Argentina é lixo.
A Copa América é lixo, a Conmenbol é lixo,
o futebol é lixo.

Tudo que era pulsante,
vivo, único, vibrante e morreu
eu vou chamar de lixo.
O Mineirão é lixo, o Maracanã é lixo,
é isso, entenda

Sem o povo real
e com a elite tacanha,
a torcida faz vergonha!
É vazia, calada, sozinha,

e enfadonha!


A partir de hoje o futebol morreu.
É lixo.
A torcida modinha é lixo,
o grito robotizado é lixo,
a elite alienada é lixo.

Modernizaram a porra
do estádio pra não deixar
preto e pobre chegar.
Encareceram a merda do ingresso
e não nos deixam cantar.
É tudo lixo.

O primeiro esporte
a quebrar barreiras no Brasil
foi o primeiro hoje a segregar.
Lixo, lixo, lixo!
Só volto quando o povo voltar!

Mas preto, pobre, mulher e viado
nessa arena não tem lugar.
Mataram meu amor,
silenciaram meus irmãos,
descaracterizaram a minha casa.

O futebol moderno nos odeia.
Matou a várzea,
rasgou os planos.
Lixo.
Tudo o que a elite toca
vira lixo.
Mata o futebol, o consome, o larga.
Sa porra matou a várzea!

Morreu o sonho,
morreu a esperança,
O futebol morreu e matou
o preto pobre branco sofredor.
O futebol morreu.

Morremos todos.
falei mesmo.
07/07/19

Eleanor Assis livremente inspirada em Baco Exu do Blues para descrever sua descrença no futebol brasileiro.


Sensacional, apenas.

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Sobre o amor enlaçado

Sempre fui considerada por muitos, como uma pessoa romântica, sonhadora, leve. Muitos dizem isso ainda pra mim, mas confesso, que com o tempo acabei me tornando um pouco mais dura, uso com mais frequência minha armadura e somente em casos raros desabo a chorar (essa parte é mentira) e confesso todos os meus desejos e planos e sonhos.

Acontece que desde junho estou vivendo e compartilhando momentos inesquecíveis pautados na palavra "enlace". Algo que buscamos corriqueiramente em nossas vidas e que em tantos casos nunca se concretiza, se materializou diversas vezes desde junho. Isso, em contar, nas vezes que ocorreu anteriormente e encheu meu coração de uma alegria imensa e uma baita esperança e fé no amor. Esses momentos vividos trouxeram de volta esse meu lado leve de volta, porque? Porque foi tudo lindo, único, feliz!

Começou quando visitei minha best friend forever em Lambari. Lembro-me sempre de nossos planos, conversas doces que ajudavam a gente a enfrentar o cotidiano da universidade. Éramos tão leves, tão felizes, mesmo com todos os problemas do mundo. Parecia que a gente sabia que, no fundo, as coisas tenderiam sempre para o lado mais complicado. Mas isso não vem ao caso agora. O que vem ao caso é o encontro de almas. Não estou falando da minha alma e da alma de Gabi, que esse encontro é tão antigo e amoroso quanto qualquer outro, mas no nosso caso seria o Amor Philos, o da amizade eterna e eu estou a falar do Amor Eros.

Gabi se casou em 2012 com o Gu. São um dos casais que mais amei em apadrinhar. Foi um dos momentos mais lindos, com certeza, da minha vida. Porque a gente sabe, a gente compartilha, a gente admira os amores verdadeiros, essas histórias. E a felicidade que cada momento, desde junho, me trás, é essa beleza do encontro de almas. Ao reencontrar minha amiga Gabi, me senti agraciada também pelo amor. Amor compartilhado, do rotineiro, do companheirismo, da risada solta.

Saí de Lambari e cai em Divinópolis. Rodei mesmo esse mundão de Minas Gerais. Do lar sólido e feliz da Gabriela, cai no primeiro dos belos enlaces de 2015: Marcela e Isaac. A singeleza do amor, da amizade e dos pés que caminham juntos, marcaram essa união, que eu pude fotografar com a maior alegria desse mundo. E foi fotografando que visualizei o que é real, o que é palpável nas relações humanas apaixonadas: respeito, admiração, felicidade em estar e ser.

Os dois já compartilhavam do dia-a-dia antes do enlace, desse ritual de passagem. Acho que foi essa beleza que me encantou ainda mais: a certeza de estar junto, de sorrir junto e chorar também, de ir em frente, colhendo os frutos de dias tão complexos. A felicidade é um estado permanente nos olhos dos amantes reais. Isso é um fato que corrobora minha fé na humanidade, pois pessoas felizes não enchem o saco, pelo contrário, espalham e levam mais amor ao mundo.

E o olhar? Ahhh, essa beleza é espantosamente bela. Belíssima, de fazer chorar de alegria.

De Divinópolis para Goiás. Eita chão. Mais um casamento, mais um ritual de passagem. Não conhecia os noivos tão bem quanto os anteriores, mas isso não foi impedimento para debulhar em lágrimas e naquela sensação boa de saber que a gente sempre esteve certa, que sim, que existem pessoas que se completam que nem feijão com arroz. 

De Goiás, voltamos para o sul de Minas Gerais, Lavras querida.

Dos momentos mais lindos de 2015: ver um casal que eu vi nascer, compartilhei sorrisos, que olhava com admiração, se unir. Na verdade, formalizar. Na verdade comemorar, na verdade compartilhar conosco aquela felicidade única, mil, maravilhosa de ser e estar, de completar, de ser uma alma só.

Dos casais mais bonitos, Ana e Lucas é aquele que eu gosto muito de olhar, que gosto muito de admirar, seguir, comemorar, torcer. Eles possuem uma leveza, uma singeleza no trato do cotidiano, no trato com os outros, que vem com a cota do relacionamento, com o mundo em volta. São pra mim, o casal sorriso, o casal bandido, guloso, sensacional. Palavras faltam, sorrisos sobram.

De Lavras pra Divinópolis. Mais um enlace, mais lágrimas, mais alegria. Esse foi o momento que mais amei em ver os pais, os familiares, os amigos que compartilharam cada pedacinho da jornada. Família é família, e quando ela cresce assim, com o acréscimo dos agregados, o sorriso de ambas as partes enebria a alma e faz com que a fé nos relacionamentos humanos volte.

Eis que então chegou a hora das amigas velhas. Sim, das amigas mais velhas que a Gabriela, daquelas que compartilharam comigo meus piores anos. Sim, não sou saudosista de uma época que não teve nada de bom, apenas a amizade de algumas almas maravilhosas, como a da Vanessa.

Voltei para São João Del Rei para casar minha amiga-velha Vanessa. A minha amiga que sempre sonhou com esse momento. Falar da Vanessa é falar um pouco de mim também, de como nossos planos e sonhos se realizam de forma muito mais bonita do que imaginamos. A Vanessa e o João se completam de uma forma inimaginável pra mim: Ele, atleticano, ela, cruzeirense! hahaha, olha o amor o que é! Talvez para eles, nada disso é impedimento, stress, coisa de discussão. Mas pra mim, essa pequena diferença me faz amar ainda mais esse duo. 

E como ela tava linda, gente! A Vanessa foi uma das noivas mais bonitas que eu já vi na vida. Acho que esse amor enlaçado transforma as pessoas em seres celestiais, em ninfas encantadas, em semideuses prontos para o combate! Esse amor enlaçado pode ser apenas um rito de passagem, mas não deixa de ser encantador, inspirador na verdade!

De São João Del Rei para Juiz de Fora.

JUIZ DE FORA.

Comecei esse texto pensando exclusivamente nesse caso. Comecei esse texto com a felicidade de ter sido agraciada em ser madrinha desse casal. Amiga-velha, amigo-velho, amigos que se foram pra longe, amiga-treta, que é tão como eu, que nem pude stressar de verdade, por saber as consequências, afinal quem estava errada na poha toda era eu. Não podia dar espaço pra voadora na cara. Mas teve voadora na cara. Teve muitaaaaa, só que o amor, esse amor que carrega o mundo, amoleceu o coração da Samira e ela, mesmo distante, mesmo com todo o tempo, me chamou de volta pra perto. E eu fui. Eu fui correndo mesmo. E fiquei feliz mesmo e emocionada e chorei e teve videozinho na memória e coração acelerado e mais fé na humanidade, mais fé nos enlaces, mais fé no amor.

Ver o nervosismo na carinha do Israel, depois de doze anos de relacionamento, esperando a Samira na porta da igreja foi a cena mais linda do ano. Ver a Samira entrando na igreja foi assim, um momento único de quem escrevia poemas inspirada na história deles. Escrever assim é bom. É como se essas palavras ganhassem vida e contemplassem cada rostinho que vi nesse ano de 2015, nesses enlaces, nesses amores, que por certo, hão de ser eternos.

Mas sabe onde se encontra a beleza disso tudo? Na leveza, no sorriso. Não me interessa se brigam, se discutem, se tem dias que um não quer nem ver a cara do outro. Isso faz parte da perfeição. A beleza disso tudo está no olhar. Naquele olhar encantado, emocionado, embasbacado ao ver o outro, o mesmo que se vê todo dia, só que com a certeza que o escolheu pra vida toda. A vida toda pode durar menos que a vida toda, mas esse momento... esse momento vale uma vida toda.

Obrigada, pessoal, por compartilharem comigo esse olhar, esse momento, essa certeza. Certeza que sei bem, todos os dias, em algum momento do dia, todos vocês tem.

Felicidades <3 p="">

Casamento da Gabi em 2012 - Dia Feliz
Eu e Gabi em São Thomé das Letras, junho de 2015

Casamento da Marcela e Isaac, Divinópolis, junho de 2015. 
Vou pegar esse buquê! Divinópolis, 2015.

Casamento Juliana e Íris, Nova Glória, Goiás. Julho de 2015.
Casamento Ana Luisa e Lucas, Lavras, Agosto de 2015.
Essa foto é tão maravilhosa, tão emblemática, que resume tudo: muito amor envolvido. Isso é felicidade!


Casamento Natália e Thiago, Divinópolis, outubro de 2015

Com a minha amiga-velha diva, Vanessa, São João Del Rei, outubro de 2015
Tipo assim, divando maravilhosamente com essa maravilhosa. Sambei. Beijos

Com a minha praguinha diva maravilhosa lacradona Samira! Amiga-velha que quero amiga-sempre! Juiz de Fora, outubro de 2015
Poderosas, rainhas do funk, glamurosas, olhar de diamante. Cruzeiro representado no xique da vestimenta.



quinta-feira, 9 de abril de 2015

Sentimentalismo acadêmico

Hoje se encerrou a Semana da Oficina de Paleografia da UFMG, projeto discente que atualmente participo aqui, na pós-graduação de História. Hoje eu cheguei em casa e fiquei lembrando da minha trajetória e de como eu fui sortuda! Apesar das pedras no caminho eu conheci tanta gente legal, que me pego sempre sendo piegas demais nesse mundo duro e árduo.

Pois bem, eis que resolvo postar fotos antigas dos meus tempos de LABDOC-UFSJ, quando ainda estava no meio da minha graduação, e o pessoal top que fazia parte da equipe labdockiana veio comentar. Descubro então que todos se lembram da minha dita "carta-testamento" que fiz quando sai para a Iniciação Científica e li no meu último dia de trabalho. Deixei a dita pregada no mural. Dizem as más linguas que logo ela foi pro lixo. Não sei.

Mas eis que a Aline me fala sobre uma passagem da carta: "lembro que você citou Tolkien". E eu não lembrava! Fui á caça da carta e aqui a reproduzo. Hoje, depois de reler minha carta-testamento me senti até um pouco orgulhosa. Continuo tentando ser o que eu penso ser o melhor e não quero me voltar pro lado negro da força.

Pessoal, meus sinceros agradecimentos. Vocês me forjaram.

Segue a carta:

Aos meus queridos Amigos do Labdoc, minha carta testamento

Diz que todo o homem é feito de poesia. Não me lembro quem disse essa frase, se foi algum poeta famoso ou se foi poesia de boteco ou se eu inventei em algum devaneio infantil, mas acredito. Acredito que todo homem é uma poesia e cada dia vivido, é um verso novo, cheio de carinho que se acrescenta nessa poesia que só termina quando você termina.
            Durante três anos ganhei versos para a minha poesia nesse santuário, hoje branco, da História. Existem milhares desses santuários e sei que hoje vou finalmente encerrar vários  versos e partir pra outro. Mas a vida é assim mesmo, é mudança, é verso novo pintado sobre aos papeis da memória. Deixa saudades, deixa sentimentos ruins também, ninguém é perfeito para não sentir nada, digamos... Ruim.
            Enfim, como ia dizendo, hoje vou sair desse Santuário da História e partir pra outro. Lembro da primeira vez que cá entrei. Era noite, não me recordo à hora, sei que era uma turba de calouros inexperientes, ou melhor, burros, que cá entravam e se maravilharam: “é daqui que nascem os nossos bebês!”. Nunca me esqueci dessa frase e tenho certeza que não vou me esquecer jamais. É um verso maravilhoso que já faz parte da minha história. Compartilhar essa maravilha, era o que eu quis naquele momento e daquele momento até hoje, não arredei pés daqui.
            Graças a Deus que não, ou talvez sim, vai saber…a minha poesia ainda não se findou, mas creio que não me arrependo de nada que conquistei aqui, pois tudo o que foi vivenciado aqui será eterno, estará gravado sobre os meus papéis, em minha memória…
            Porém, tenho um problema: Memória seletiva. Por isso acredito que todo homem é uma poesia, pois os versos que compõe nossa ode são apenas os mais especiais, os mais marcantes! Nunca me esquecerei da Gabi me levando a noite minha pulseirinha de miçangas esquecidas no bolso do jaleco na sala de higienização, nunca esquecerei as horas das lágrimas derramadas e de gargalhadas intensas! Nunca me esquecerei das conversas de férias com o Lucas, nossos trabalhos de arte e os desagradáveis empecilhos a uma conversa sincera… Nunca me esquecerei das horas maravilhosas de casos contados pela Natália e nem o silêncio da Ana e nem a acidez doce da Aline! Se não fossem vocês, meninas, minhas manhãs não seriam tão alegres, tão agridoces como o sorriso de você! Angelita, o que dizer sobre você? Uma descoberta, um tesouro eterno que viverá para sempre, não somente nos meus versos, mas no meu coração! Esses versos são eternos! E não pense que me esqueci da minha bandida favorita, da minha Maíra, poço de honestidade, força de vontade e sabedoria! Minhas manhãs ficaram tristes sem sua presença amiga…
Como se esquecer das horas de alegria e do quadro de “La boca” trazido pelos Eduardo em um dia fatídico para o meu coração celeste? Como se esquecer do Eduardo!? Sem a mínina chance!Como também não tem como não rir dos casos mais acasos do nosso querido “Forest Gump”, o Robson! Não tem como esquecer! Alessandro, a culpa não é da sombra e sim da sombra que habita os corações humanos! Nunca deixe que nenhuma sombra lhe oculte o brilho dos seus olhos! Emanuel, Emanuel, querido amigo das horas mais incertas! Sua capacidade foge aos olhos daqueles que temem as mudanças, daqueles que nunca lutaram verdadeiramente com o coração sincero! Você é maior do que todos aqueles que lhe atiram pedras, porque você é bom e tem amigos sinceros ao seu lado! Ah, Marcos, Marquinhos! Não me esqueci de você e nem tem como! Apesar de não estar por perto de ti, sei da sua benevolência e do amor ao próximo, coisa rara… por isso guardo você em dos meus versos mais sinceros!
Como queria rever o Márcio, o Renan e a Bárbara… Queridos, que deixaram sua marca tão profunda em meu coração, cada um de sua forma, cada um com sua personalidade. Todos não hesitaram em partir e sei que são felizes longe daqui, em outros ares…
Maria Elisa… Ah, Maria, uma confusão que amo! Uma sinceridade que admiro! Um coração maior do mundo! Um coração que guardo comigo! Vivi, sua “onça braba”, coração valente essa menina, agradeço seus conselhos e suas caronas! Meus dias de colônia eram muito bons em sua companhia, não importa se de carro ou ônibus, pois o que conta é companhia! Mariana, obrigada por me ajudar a encontrar “Cordeirinhos”, Jesus ficou exultante com a sua sinceridade e por sua bondade em me emprestar a Bíblia!
Como me esquecer da Lucienne?! Gente, não tem como! Como não me esquecer a felicidade que senti quando me falaram que a Lucienne tinha restaurado os Profetas! Fiquei exultante quando fui trabalhar com ela! Imagina! Ainda por cima amiga da Myriam Ribeiro?! Sorte a minha de ter servido ao seu lado no Labdoc. Apesar de não ter sido umas das melhores e dos puxões de orelha, tenho certeza que meus versos não seriam completos sem as manhãs na salinha!
Ivan, Ivan... No primeiro período te chamava de “Ivan, o terrível”. Tinha certo receio de você, verdade… mas te chamei assim bem no começo, antes mesmo de lhe conhecer, pois tudo mudou quando você nos mostrou de onde vêm os nossos queridos bebes… Obrigada por ter me aceitado aqui, um obrigado que você já ouviu embrulhado em lágrimas que eu tentei, em vão, lhe esconder…
Versinhos meus, Labdoc querido, vou-me embora, mas retorno para visitá-los! Uma hora a gente precisa ir, não é mesmo? O mundo é feito de mudanças e sei que elas são pra melhor, apesar de existirem gente que ainda diz que não e as temem. Não sei como vai ser ano que vem e os próximos, mas sei que todos os sentimentos que colhi aqui me transformaram em uma pessoa melhor, me mostram os meus defeitos e eu pude vislumbrar o que eu não quero ser e o que quero ser! Quero um pedacinho de todos que eu aprendi a amar em mim, completando a minha poesia, cheia de alegrias, amor, uma pitada de sentimentos ruins (que não foge ao ser humano) e principalmente autenticidade. Quero tudo isso e desejo o mesmo a todos!
Gabi, minha irmãzinha querida, te amo! Angelita, minha linda, quero você sempre comigo! Maria Elisa, minha estrelinha, confio em você!Maíra, minha sincera amiga, o mundo é seu! Aline, nem tudo que reluz é ouro e nem todo vagante é vadio! A vida é bela, não é mesmo Nat? E eu adoro muito você! Aninha, meu exemplo de como se comportar, te adoro também! Alessandro, Emanuel, Róbson, Marquinhos. Homens labdoquianos! Prossigam sempre avante! Wágner, sorte pra você por aqui, garanto que sorte é o melhor talismã para a vida.
Queridos, au revoir, see you, até logo e avante!
Obrigada por tudo e desculpa qualquer coisa…




Últimos desejos:
Deixo meu Jaleco pra lavar...
Sorte para aquele que irá tomar conta do meu escaninho e conseqüentemente herdará o meu jaleco e meu lugar. Honre meu nome, aquele que ocupar minha cadeira, diga a todos como eu fui uma ótima pessoa! Quero que Natália, Ana Célia e Aline conte as proezas que eu realizei na salinha e de como eu era uma pessoa... Como é mesmo Nat? “Olha que louca essa Kellen”… Lucienne, não as deixe mentir, por favor!


Já estou com saudades…

























terça-feira, 31 de março de 2015

Minha paixão por Francesco e seus beijos.

Milhões de beijos são dados todos os dias. Cada esquina guarda um hálito novo, um gosto diferente, de desejo ou de distração.

Foi por um beijo que me apaixonei.

Me apaixonei por Francesco em uma aula de História da Arte. Logo que coloquei meus olhos sobre a beleza que exalava pelas delicadas cores que trazia, meu coração deu um salto. Sabia que era ele a paixão que carregaria pelos beijos encantadoramente únicos e pelas histórias românticas, pelo resto dos meus dias.
A esperança vã me atracou: um dia, teria o beijo. Um dia, estaria lado a lado a Francesco, onde meus olhos repousariam em paz em sua paleta sóbria e misteriosa.

Anos se passariam até eu ter Francesco. Anos se passariam até eu ir a Francesco. Anos se passariam até Francesco olhar para mim. 

Metamorfoseei Francesco nos meus sonhos românticos. Aquele beijo, aquelas cores, aquela delicadeza do encontro de  almas... Tudo ganhou uma história completamente distinta da original, e que me moveu durante todos os anos, até chegar à Milão.

Era o beijo mais famoso da História da Arte, disse minha querida orientadora quando nos apresentou. Dali por diante não ouvi muita coisa, apenas deixei minha imaginação histórica fruir e criar para mim, uma história de amor. 

Dos beijos que existem, apenas Klimt chega aos pés de Hayez. E dos beijos de Francesco Hayez, o que mais me deixa angustiada é a despedida entre Romeu e Julieta. Triste prenúncio da tragédia. Triste casal apaixonado, vítima dos mal-entendidos da vida. Quando vejo o último beijo de Romeu e Julieta, uma tristeza me invade. Uma tristeza contemporânea dos amores que passam por nós, e nós deixamos morrer, partir, sem nada fazer, perguntar, lutar. O beijo de despedida tem uma Julieta entregue aos braços do Romeu apressado. Romeu que insiste em ficar, sabendo que precisa partir. Angústias cotidianas. Angústias românticas... Ele, a razão, ela, a puríssima emoção, a que se entrega sem pensar naquela que observa das sombras e lança seu temível olhar. Olhar de alcova invejosa, que se pauta no discurso falido da religião para moldar a tudo e a todos.

Francesco Hayez, 1823, O último beijo de Romeu e Julieta. Villa Carlotta, Province of Como, Italy
Tão contemporânea essa angústia! Tantos Romeus, tantas Julietas se escondem para se amar! Quantos Romeus e Julietas precisamos separar ainda com nosso discurso moralista de família e religião? Quantos beijos de despedida nós ainda vamos espreitar com ódio, com raiva, com desdém? Há Julietas e Romeus, há Romeus e Romeus e Julietas e Julietas! Nós somos a alcoviteira que se esconde e olha com o olhar maligno o amor, o amor alheio que não temos nada a ver. Que não precisamos nos meter e NÃO DEVEMOS NOS METER!

Família, bons costumes, religião. E onde fica o amor? A felicidade, a alegria, a gratidão, a fé? Tudo se perde, é diluído quando tentamos controlar. Por isso me apaixonei por Francesco quando ele me mostrou seu beijo emaranhado de desejo, de encontro de almas, sem preocupação, sem razão e emoção discutindo qual passo dar, apenas os dois enlaçados em um momento de contemplação do amor, do desejo, do beijo. Não há mais ninguém na cena, apenas o beijo, o beijo que une, que destroça e constrói relações. Porque não sermos assim?

Francesco Hayez, 1859, O beijo. Pinacoteca di Brera, Milano.

Porque não nos entregamos completamente aos nossos desejos e paixões? Porque julgamos aqueles que fazem isso? Porque controlamos o amor alheio, usando algemas do tipo "família não é isso" ou "minha religião não permite"? Porque somos egoístas? Todos nós podemos nos apaixonar por Francesco e seu beijo. Todos nós podemos criar uma história bonita para o casal apaixonado. Todos nós temos o direito de viver nossos amores, nossas paixões, nossas próprias vidas!

A vida é muito curta. A vida é imensamente bela para ser cotejada com discursos de ódio. Não percebi isso quando olhei nos olhos de Francesco, vim perceber isso bem depois. Bem depois quando me deparei com Julieta e Romeu. Beijos, beijos, beijos... Tão unificadores de almas e tão propagadores de ódio gratuito. 

Vão me dizer que as mais belas histórias são essas trágicas, mas não são. As mais belas histórias são aquelas que não terminam de forma mortal. Que não dá lugar para a morte romper com laços de amor. Quantos casais precisam passar pelo sofrimento da perda, pelo sofrimento da humilhação e do ódio, para se concretizar? Não é bonito, não é romântico meter o bedelho na vida alheia. O amor é livre, toda forma de amor é livre, todo amor é lindo.

Meu amor por Francesco apenas aumentou. O beijo que ele me deu é eterno: a inquietude, a indignação, a luta por amores plenos. Só percebi isso depois, muito tempo depois daquele encontro no verão italiano. Que Deus guarde meu retorno à Brera. Pois amores eternos como esse merecem sempre e sempre, reencontros.


E que fique claro que família não é aquela que VOCÊ acha que tem que ser. Que fique claro que religião não é aquela que VOCÊ acha que tem que ser. Cada um é um ser de luz, de amor. Só merece o SEU RESPEITO e nada mais. Nada ALÉM DISSO.

Eu e Francesco, em uma tarde quente do versão milanês. Voltarei, Francesco, voltarei.
Kellen Silva

P.s. Isso não é uma leitura iconológica. Peço licença para a licença poética.


domingo, 8 de março de 2015

Mais um esforço por algo que vale a pena esforçar.

Parece mais uma carta do que um simples post poético. Na verdade, é uma carta que nunca será lida pela pessoa a quem de destina, porque essa pessoa, por motivos dela, não faz mais questão de nenhum esforço feito pelo lado de cá.

Mas não me importo. O último esforço vai se fazer agora.

Das coisas que mais me entristece, é perder pelo caminho pessoas que eu amo. Perdê-las para a morte é inevitável. Dolorido, mas é o curso natural da vida. Contudo, perdê-las para a vida, é caso de sentar e chorar. Porque quando perdemos as pessoas que a gente considera, gosta, ama, quer bem, para a vida, é sinal de que houve uma falha grave.

Falhas graves acontecem. Pedimos desculpas, mas dizem que o machucado não fecha, nem cicatriz vira, é amputado mesmo, não deixando nem mais rastro. Tristeza.

Eu tinha uma melhor amiga que foi se perdendo aos pouquinhos pelo caminho. Esforço de cá, esforço de lá, a vida puxando cada uma pra um lado... puf! Puxou. E puxou em um período feliz, extraordinariamente especial para minha amiga. Momento que eu não compartilhei, momento que eu não pude estar presente carnalmente. Pessoalmente. 

Não há desculpas, não há nada que se diga para remediar. Eu não pude estar presente, e por mais que eu saiba que realmente eu não tenho culpa nenhuma na minha ausência (porque tinha meu lado da vida, coisas aconteceram de forma inesperada, datas, prazos, correria, risco de ficar sem ter onde morar...), eu sei que tenho culpa. Culpa porque não deixei o meu lado emocional falar mais alto, de jogar tudo pro alto e correr em direção ao momento mais brilhante e especial da minha melhor amiga dos piores tempos da minha vida.

Falo sério quando digo que minha vida pré-adulta foi um lixo. Não me sentia feliz, somente em horinhas azuis de descuido, onde podia vibrar e torcer pelo meu time sem ter nada a temer. Sobreviver ao inferno sem uma mão amiga não é fácil. EU tive uma grande mão amiga, que não sabia nem a metade das dores que eu tinha que enfrentar para estar ali, porque eu nunca fui também de falar. Foram os poetas que me salvaram, sempre digo isso. Mas foram os poucos amigos que eu tinha, que mesmo sem saber, não me deixaram desistir. 

E hoje eu nem posso mais conversar com ela, porque criou-se uma barreira invisível. Insisti o quanto eu pude para quebrá-la, mas sinto que, infelizmente, não somos todos iguais, não temos as mesmas vivencias, sentimentos ou simplesmente lidamos diferente com as questões que a vida nos coloca.

Na minha defesa de Mestrado, momento mais importante, até hoje, da minha carreira como Historiadora, minha melhor amiga, aquela que conviveu durante os quatro anos da graduação, os dois de mestrado e que esteva sempre comigo, não pode comparecer. Fiquei arrasada, chorei, emburrei, achei um absurdo ela não fazer o minimo de esforço para estar comigo no momento mais importante da minha vida. Era minha defesa, era meu trabalho, era o momento que eu poderia ser destruída, e não teria a minha melhor amiga ao meu lado para secar minhas lágrimas. Mas  foi o momento de glória, o coroamento de muitos anos de trabalho e ela não estava comigo para brindar o esforço, o meu esforço, a minha alegria.

Doeu muito, mas superei muito rápido. No outro dia já estava com ela no telefone, mesmo de forma um pouco ríspida, mas estava. Depois tudo se dissolveu e continuamos amigas. Não sei se é maturidade ou uma forma leve de encarar a vida. Fazemos o melhor que podemos, infelizmente nem sempre podemos agradar a quem nos realmente amamos. Sofremos sim por causa disso, mas esperamos sempre que nosso amigo entenda. Eu esperava que minha amiga fosse entender e que tudo ficaria bem... Mas não ficou. Infelizmente parece que quebrou e não vai mais colar. Eu tentei com cola, durex, superbonder, mágica, amor. Não foi.

Não gastamos mais tempo jogando conversa fora. Não gastamos mais tempo dando um simples bom dia ou perguntando simplesmente como está sendo a vida, o dia, o namoro, o cotidiano. Não gastamos mais esforço nenhum em querer o bem, mesmo que em dias assim, em dias que o coração da gente se alegra de ver a pessoa no mundo virtual, o dedo coce para enviar uma mensagem, mas se retrai por saber que não é mais bem-vindo.

Por perder um grande momento da vida da minha amiga, acabei perdendo todos. Meu ultimo esforço é esse post vazio, sem nada diretamente concreto pra ela. Se ela ler um dia, que saiba que meu coração ainda se alegra quando vê que ela se transformou numa pessoa muito mais bonita do que um dia imaginei. E que mesmo distante, e mesmo que afastada, tenho meus dias cheios de orgulho dela.

Felicidade é bom, ver quem a gente realmente ama feliz é a dádiva maior da vida.
Que todos os dias sejam felizes, e mesmo que não seja, que tenha forças pra buscar a alegria que sempre carregou no coração.

Saudade sempre tem, mas já dou um jeito nela.
Desculpe novamente por ser uma péssima amiga (mesmo já não sendo).

Um carinhoso abraço...

Kell.

p.s. Não é o último esforço. Sempre vou voltar a encher o saco, ainda mais se ela não der bola mesmo pra mim. Caprinos são chatos.

Uma estória oriental conta de uma árvore solitária que se via no alto da montanha. Não tinha sido sempre assim. Em tempos passados, a montanha estivera coberta de árvores maravilhosas, altas e esguias, que os lenhadores cortaram e venderam. Mas aquela árvore era torta, não podia ser transformada em tábuas. Inútil para os seus propósitos, os lenhadores a deixaram lá. Depois vieram os caçadores de essências em busca de madeiras perfumadas. Mas a árvore torta, por não ter cheiro algum, foi desprezada e lá ficou. Por ser inútil, sobreviveu. Hoje ela está sozinha na montanha. Os viajantes se assentam sob a sua sombra e descansam.

Um amigo é como aquela árvore. Vive de sua inutilidade. Pode até ser útil eventualmente, mas não é isso que o torna um amigo. Sua inútil e fiel presença silenciosa torna a nossa solidão uma experiência de comunhão. Diante do amigo sabemos que não estamos sós. E alegria maior não pode existir.
Rubem Alves

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Historinha

Amo-te, meu querido,
não como antes,
bem mais.
Amo-te quando as tempestades se aproximam,
e quando a calmaria domina.
Amo-te bem mais do que imagina,
porque já não há mais como descrever
o que sinto.
Fica pequenininho, sem sentido, clichê.
Você acordou as borboletas.
Por um tempo pensei que você
também as mataria com sua ausência,
com seu silencio...
Foram as borboletas que não me deixaram
deixar-te partir.
Do beijo que me teve inteira,
eu queria provar todos os dias.
A janela fechada, a luz do dia quente,
e nós dois entregues ao encontro.
Mas não havia palavras,
as borboletas se alegravam e morriam.
Era como um banquete para o condenado:
alimentava a alma e cortavam-lhe a cabeça.





quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Madrugada.

Penso no buraco fundo da minha alma.
A gente corre, a gente se mata,
mas nada vale a pena.

Nem o amor.

Porque ele é tão inconstante
como a água que cai do céu,
uma hora benção, outra desastre.

Nem o amor.

Ele me salvou um dia,
no outro me mostrou o quanto
somos frágeis.

Nem o amor protege a gente da gente.
É um buraco fundo,
a gente corre, a gente se mata,

pra nada.

E no fundo a gente sabe,
no fundo a gente sempre soube,
que não valia a pena.

Nunca valeu a pena.

Enganam-se todos,
Enganaram-se todos.
O sonho nunca foi real,

Eu que imaginei demais,
Nem o amor era amor,
Era carência (do outro) demais...

Por isso a demora de palavras tão simples,
de afetos tão generosos,
de uma entrega real.

Nem o amor.

Restam-me as fotos e as lembranças,
aquilo que recorta a alma e que afunda
a gente ainda mais no buraco,

Já não tenho mais medo da solidão,
lido bem com ela,
Antes só, que mal acompanhada.

Sempre dizem que as horas mais escuras
antecedem o amanhecer.
Estou nesse minuto, nessas horas,

Mas hei de vencer,
e reerguer e sorrir
e dizer

Sim ao amor.

Mas não agora,
não nesse minuto.
Quebrou-se o encanto,

A sonhadora acordou.
Mundo real lá vou eu,
Até cair novamente.

E que eu caia certeiramente
em um sorriso mais sorriso
e em um olhar mais sincero.




Seguidores