
Fiquei encantada com o porte do pequeno livro.
Esqueçam tudo o que já leram ou viram nos filmes da Disney. Nem sempre os contos de fadas terminam com um final feliz. Foi o que percebi no conto da Pequena Sereia. Nossaaaa, que tristeza que me deu no final do conto. Uma tristeza imensa que não é compartilhada (graças a Deus) nos filmes infantis da Disney.
Confesso que fiquei alguns dias sem dormir o suficiente, pois mergulhei nessa leitura que fazia minha infância retornar. Mas alguns elementos não estavam conectados. Existiam no final dos contos a tal da Moral. Enfim, o que percebi em alguns textos de Perrault foi um certo machismo exacerbado! Ora já se viu que uma mulher se satisfaz apenas com belos vestidos, mesmo sofrendo as mais duras penas? Tudo bem, ficamos sim satisfeitas com uns mimos, mas acho que Pele de Asno se vangloriava de seus tesouros justamente para suportar a realidade tão dura. Pobres homens que não conhecem nem um pouquinho dos tesouros das mulheres... eles acham que nos dobram facilmente com coisas extramente caras e belas. Nada disso tem valor sem sentimento, sem felicidade. Do que vale lindo vestidos sem ter pra quem mostrar, sem tem com quem compartilhar, sem ter onde ir? Pele de Asno sabia disso, mas sabia também que a "sorte pode dar uma viradaaaaa, uma viradaaaaaa". A aposta dela deu certo.
E eu, no que posso dizer que aposto (além de apostar no meu querido Cruzeiro)? Eu aposto em histórias com final feliz. Mas para se chegar ao final feliz, quanto desespero! Quanta dor e humilhação temos que passar! E nesse momento me lembro do conto que li desse livrinho que mais me emocionou, que mais me fez chorar: O patinho feio.
De verdade, Andersen me fez relembrar com seu conto célebres passagens da minha vida! Ô! Juro que todos, um dia, já se sentiram como o pequeno patinho cinza, um pouco fora do univreso, um pouco sem jeitinho, um pouco fora do mundo imposto. E quando li todas as passagens da vida do pequeno feioso até ele se descobrir como um lindo cisne, me lembrei de inúmeros eventos. Foi esse conto que mais me tocou. Não consigo entender porque, posso até entender, mas prefiro não opinar. Só quero compartilhar o prazer de ter lido a descoberta do pequeno feioso em um lindo cisne e dele tomar seu lugar entre os seus iguais. Nós também demoramos encontrar o nosso verdadeiro lugar e, muitas vezes, esse encontro demora... mas vale a pena a busca. Sempre vale.
E ontem acabei em mais lágrimas com a primeira parte do final da Saga Harry Potter. Se minha infância teve a presença dos contos europeus, minha adolescência e fase de "adulta emergente" me pega novamente com as histórias do Velho Mundo. Harry Potter e as Reliquias da Morte é o fim do restante de toda a magia e inocência, a morte se torna uma constante e o medo já faz parte dos sentimentos mais corriqueiros. Ter uma missão, ser o escolhido, carregar um fardo, perder amigos... tudo isso junto. As escolhas que fazemos durante nosso percurso é que nos levam ao final.
E eu levo muito a sério a vida dos meus personagens, eu adoro conviver com eles! cada leitura, cada filme, cada personagem se torna uma parte de mim. Contos e Histórias são partes importantes da minha vida e quero comigo sempre e sempre a nostalgia do fechar do livro, aquele vazio quando termina um filme, aquele coisa martelando na sua cabeça, uma moral para dar sequência a vida, que cada dia imita mais a arte... a arte da vida...