- Senta
aqui do meu lado e espera essa hora passar,
Desiste
de correr, pára, descansa!
Os seus
olhos são tão bonitos com essa cor de tarde...
Não vá
embora, segura minha mão,
Não me
deixe sozinha nesse lugar tão cheio de gente
E tão
vazio de almas!
- Não há
o que se possa fazer,
Tenho
que pegar esse trem,
Não há
nada que eu possa fazer para permanecer aqui...
Seus
olhos também são bonitos com essa cor,
Acho que
nossos olhos combinam com
Essa luz
tão linda, com essa luz furta-cor...
- Se
essa luz é furta-cor,
Minha
alma é como um prisma que capta
Toda
essa magia que vem da luz dos seus olhos...
Olhos
tão bonitos, tão sofridos, tão sentidos!
Não
consigo ficar longe de você,
Não
parta logo agora que tem a minha alma!
- Porque
não vem comigo?
Oras,
porque a surpresa?
O
caminho é tão colorido! Outono amarronzado,
Inverno
avermelhado, verão serpenteado...
E
conosco seria sempre a primavera,
Com as
nossas almas colorindo o céu de tanto anil...
- Não me
pregue peças,
Não faça
falsas promessas,
Se eu
embarcar nesse trem agora,
Com suas
mãos segurando as minhas,
Não te
deixarei mais,
Seguirei
seu corpo, seus olhos, sua alma
Para
qualquer lugar que for. É sua sentença.
- Aceito.
Prefiro
a enfadonha companhia do cotidiano a dois,
Que
passar, conhecer, mergulhar em caminhos
Apenas
comigo.
Sou boa
companhia, mas contigo posso ser ainda melhor.
Venha logo,
levanta!
O trem
já vai partir...
- Irei!
Mas
tenho que fazer a mala...
- Que
mala?
Larga o
teu passado, guarda as suas lembranças
Em um
bom lugar no peito,
Aquece
seu coração de coragem,
Segura
em minhas mãos e vamos!
- Vamos!
Deixe
que eu me sento ao seu lado,
Que eu
segure suas mãos e que essa hora passe
Com a
suavidade da paisagem da janela.
Temos a
eternidade das horas
E a
beleza de todos os segundos...
- Eu te
amo.
- Também
te amo.
Em
qualquer lugar do paraíso,
Em
qualquer lugar do purgatório,
Em
qualquer lugar de repouso de nossas almas,
Estaremos
ali, observando o encantamento
da
eternidade, do perene, da história...
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Claude
Monet. Estação de São Lázaro, 1877, Paris.
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