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"O diabo desta vida é que entre cem caminhos temos que escolher apenas um, e viver com a nostalgia dos outros noventa e nove." Fernando Sabino

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Estação


- Senta aqui do meu lado e espera essa hora passar,
Desiste de correr, pára, descansa!
Os seus olhos são tão bonitos com essa cor de tarde...
Não vá embora, segura minha mão,
Não me deixe sozinha nesse lugar tão cheio de gente
E tão vazio de almas!

- Não há o que se possa fazer,
Tenho que pegar esse trem,
Não há nada que eu possa fazer para permanecer aqui...
Seus olhos também são bonitos com essa cor,
Acho que nossos olhos combinam com
Essa luz tão linda, com essa luz furta-cor...

- Se essa luz é furta-cor,
Minha alma é como um prisma que capta
Toda essa magia que vem da luz dos seus olhos...
Olhos tão bonitos, tão sofridos, tão sentidos!
Não consigo ficar longe de você,
Não parta logo agora que tem a minha alma!

- Porque não vem comigo?
Oras, porque a surpresa?
O caminho é tão colorido! Outono amarronzado,
Inverno avermelhado, verão serpenteado...
E conosco seria sempre a primavera,
Com as nossas almas colorindo o céu de tanto anil...

- Não me pregue peças,
Não faça falsas promessas,
Se eu embarcar nesse trem agora,
Com suas mãos segurando as minhas,
Não te deixarei mais,
Seguirei seu corpo, seus olhos, sua alma
Para qualquer lugar que for. É sua sentença.

- Aceito.
Prefiro a enfadonha companhia do cotidiano a dois,
Que passar, conhecer, mergulhar em caminhos
Apenas comigo.
Sou boa companhia, mas contigo posso ser ainda melhor.
Venha logo, levanta!
O trem já vai partir...

- Irei!
Mas tenho que fazer a mala...

- Que mala?
Larga o teu passado, guarda as suas lembranças
Em um bom lugar no peito,
Aquece seu coração de coragem,
Segura em minhas mãos e vamos!
- Vamos!
Deixe que eu me sento ao seu lado,
Que eu segure suas mãos e que essa hora passe
Com a suavidade da paisagem da janela.
Temos a eternidade das horas
E a beleza de todos os segundos...

- Eu te amo.

- Também te amo.

Em qualquer lugar do paraíso,
Em qualquer lugar do purgatório,
Em qualquer lugar de repouso de nossas almas,
Estaremos ali, observando o encantamento
da eternidade, do perene, da história...

Claude Monet. Estação de São Lázaro, 1877, Paris.

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