Engraçado. Quando eu afirmo que a dor um dia passa, todos riem de mim. Quando eu digo que tudo passa, muitos não enxergam a verdade dessas palavras. Se fosse há um bom tempo atrás -ou nem tanto, talvez alguns meses passados - sentiria o tremor do Japão em minhas pernas, uma tsunami não seria capaz de ser a metáfora para o turbilhão de sentimentos.. Hoje, porém, foi como olhar apenas para uma velha fotografia, em tons de sépia e não sentir. Nada além do que dizer, "conheço".
Há pessoas que passam pela nossa vida, como um turbilhão, despertam as melhores coisas e se vão. Não acredito em pessoas mal intencionadas... na verdade, acredito sim, mas mesmo as piores intenções do outro podem salvar sua alma, é só conseguir reunir as coisas ruins em um sentindo de aprendizado... Falar é muito fácil, fazer isso é o que demora, demanda sangue frio e paciência... Já me chamaram de insensível e hoje, por incrível que pareça, impaciente. Não tenho muita paciência mesmo não. Odeio esperar, odeio ter que manipular situações para que elas aconteçam, odeio joguinhos, odeio infantilidade ao se tratar de sentimentos e pessoas.
Pelo menos, uma característica minha marcou o outro, uma característica bem minha por sinal, e ela, por bem ou para o mal, é a característica que mais move meus passos. Não consigo esperar, tenho pressa demais, fome demais, sono demais, intensidade demais. Por isso sofro demais, e quando acordo, não sofro mais. Não gosto de conta-gotas. Esses conta-gotas me atrasam. Toda vez que decido partir, vem um sopro e me puxa pra trás. Não é uma mão, não é um abraço, não é um vento e nem corda, nada tão forte e significativo, algo frágil como uma brisa.
E odeio isso. Odeio me deixar levar. Por isso tem dias, que ainda acordo pensando em coisas que eu já poderia ter esquecido. Mas hoje, quando me deparei com aquela visão tão merecedora de odes feitos por Clio, senti em mim a força que andava faltando nos últimos meses. Realidade ou não, é que a gente acaba criando representações do outro, imaginando para suprir buracos, carências, vivências. E quando você se depara com a realidade, é um choque, por bem ou para o mal, é um choque... e você acaba descobrindo que seu coração não pulsava por um sentimento, mas estava acostumado a pulsar por uma imagem longe da realidade.
Nesse caso, dou créditos a Platão, que considerava qualquer representação uma terrível máscara pra a realidade, que já é um espelho deformando do mundo ideal. A cadeira não é a cadeira. Uma paixão muitas vezes não passa apenas de uma ilusão. E quando a gente encontra a realidade é um alívio tão grande pra alma, que a gente começa a ter esperança de que um dia, a gente possa encontrar de verdade um sentimento real.
Quantos caminhos até a realidade?!
Não sei, mas por enquanto, estou muito bem, obrigada, nesse mundo ilusório e feliz em que acordo todos os dias. Talvez amanhã ou depois eu mude de ideia, vista minha armadura, monte em meu cavalo e volte para o caminho da realidade... talvez amanhã, talvez depois... O único problema é que um coração vazio pesa muito, pesa tanto, que dá vontade de desfazer no meio da viagem... mas aí, não valeria a pena a caminhada...
Nenhum comentário:
Postar um comentário