Dizem
que somos loucos da cabeça.
Somos loucos da cabeça porque amamos o Cruzeiro e é
isso que interessa. O ano de 2013 começou de forma muito desfavorável para o
Grande Cruzeiro. Apesar da campanha brilhante no Campeonato Mineiro, perdemos
para o Atlético-MG, ajudando a consagrar o “mito” do estádio Independência. No Mineirão,
o Atlético não agüentou a força azul que começava a emanar das arquibancadas do
Gigante da Pampulha, mas mesmo assim, o resultado não foi suficiente para que o
Cruzeiro conseguisse o Campeonato Mineiro. Foi duro, foi triste, entretanto,
foi ali que nasceu a força necessária para vencer o ano de 2013.
Enquanto o Atlético-MG abusava da sorte ( e hoje eu
posso dizer isso de forma segura) e contava com as mais diversas ajudas do
plano espiritual (afinal, foram promessas, mandingas, orações, oferendas das
mais diversas), o Cruzeiro ia, aos pouquinhos montando o seu time. Aqui eu
preciso confessar que durante boa parte do primeiro semestre eu queria a saída do
Marcelo Oliveira e que achava o presidente um cara muito “gente boa” para ser
presidente de um clube como o Cruzeiro. Quis a vida (e graças a Deus e a Allah,
quis a vida) me dar um belo tapa na cara, tapa que gostei tanto, que agora dou
a outra face pra apanhar mais: Marcelo Oliveira mitou.
O Atlético-MG revertia todos os jogos no Horto, “Caiu
no Horto, ta morto” nunca fez tanto sentido como na campanha brilhante do clube
alvinegro na Libertadores. Sempre acho que a confiança nascida de bons
resultados é aquela alavanca para times que não são excepcionais darem show. Vi
isso com o Atlético-MG e vi isso com o Cruzeiro.
Sim, o time do Cruzeiro não tinha nenhuma estrela
internacional em campo. Montillo havia sido vendido para o Santos e o Alexandre
Mattos contratava nobres desconhecidos. Contudo, chegou o mito. Dedé veio para
salvar uma zaga completamente deficiente
há anos. Depois chegou Dagoberto, o Dagol que tanto deu trabalho pra gente.
Everton Ribeiro veio como um ilustre desconhecido para o lugar de Montillo e
Júlio Baptista chegou num carro forte. Antes deles, Nilton, Bruno Rodrigo,
Diego Souza e Ricardo Goulart chegaram
de forma a sacudir o outro lado. Os atelticanos diziam que 2013 seria o ano do
rebaixamento, de uma campanha fraca do Cruzeiro, que esses nomes eram nomes
falidos.
Se não deu certo, vai embora. Alexandre Mattos, o
outro mito do Cruzeiro trocou um fraco Diego Souza, que não conseguia se
encaixar no elenco, por um Willian. Willianquem? Respeita o moço!
E fomos vencendo. Começou o Campeonato Brasileiro e
fomos. Quando o Cruzeiro perdeu para o Grêmio, ainda no turno, pensei que seria
mais um ano para “disputar uma vaguinha na Liberta”. Mas não. Me enganei de
novo e que bom que me enganei! O Cruzeiro começou uma arrancada maravilhosa,
histórica, histérica para os atleticanos e chocante para o resto do Brasil.
Marcelo Oliveira montou um time redondinho, com peças de substituição e uma
união de tirar o chapéu.
Vieram os pontos, vieram os jogos, vieram as contas.
Como eu sempre digo, para ser Campeão Brasileiro, qualquer time que não seja do
eixo Rio-São Paulo tem que disparar. Tem que fazer melhor que a campanha marco
do Cruzeiro de 2003. Quantas vezes fomos garfados? Tanto Cruzeiro quanto
Atlético, porque lutávamos ali, páreo a páreo com os líderes? 2010 que o
diga...
E esse ano eu tive dois grandes companheiros de luta
e de glória. Dois conquistadores! Um é meu irmão, meu parceiro, meu querido
Guilherme Couto. O outro é meu melhor amigo, meu companheiro, meu amante, meu
amor Guilherme Nascimento. O primeiro chamo de Gui, o segundo de Guil. O Gui
conseguia ingressos pra gente ir pro Mineirão. O Guil me convenceu a comprar
uma promoção maluca pra ter certeza que estaríamos em todos os jogos.
Os dois Guilhermes foram os melhores companheiros de
Mineirão. Foi com eles que levei meu pai de volta ao Gigante da Pampulha
naquele jogo emocionante contra o Botafogo. Naquele jogo, o grande Seedorf
tremeu. Tremeu com a força da China Azul, tremeu com a força que emanava
daquele Mineirão. E tremeu tanto, que depois daquele jogo, Botafogo foi ladeira
abaixo.
Aquela foi a primeira final. A segunda e grande
final eu não vi. Meu amor não viu. Mas meu irmão estava lá! Firme e forte, como
um baluarte. Com ele no Mineirão é certeza de jogo ganho. Eu e Guil voltávamos
de Lisboa. Ansiedade total, eu embrulhada na bandeira do Cruzeiro ia
reconhecendo guerreiros e guerreiras que estavam como nós, com o coração a flor
da pele. E lá no alto, sobrevoando o oceano, eis a noticia: Cruzeiro 3 x 0
Gremio! O gritou ecoou no meio do vôo! Outros reconheceram o grito de campeão e
foi a viagem de volta mais tranqüila que tive. Ainda faltavam mais 3h:30min
para chegar em BH e saber se o Cruzeiro era campeão ou se tinha que esperar
mais uma rodada.
No meu íntimo eu torci para que o Cruzeiro não
tivesse sido campeão e que esperasse a próxima rodada. Eu queria estar em BH,
eu queria ver, eu queria sentir! Dentro de um avião não dava! E assim foi, e
assim foi.
“Não é mole não, o tri vai ser no Barradão”. E foi. E
o Cruzeiro foi campeão com 4 rodadas de antecedência. Coração acelerado, choro
mais livre do que nunca, tremedeira dos pés a cabeça. TRI CAMPEÃO! Mas como a
felicidade incomoda, os queridos atleticanos queria tripudiar sobre nossa
vitória. Além de plagiarem nossa música com uma versão terrível de “Pro
Marrocos sou quem vou”, plagiaram a bafonica Valesca Popuzada, dizendo assim: “Buzina
mais alto que do Marrocos eu não te escuto”.
E de novo, desenterraram a praga de 2009. E piadas
com Estudiantes, Verón e até piadinha sem graça do presidente Kaiu veio no
Estado de Minas. Mas futebol é um dos esportes mais vingativos de todos. O futebol
não gosta de soberba, não gosta de mimimi, não gosta de “já ganhou”. E se pro
Marrocos eles foram, não deu tempo nem de andar de camelo, porque Allah os
despachou de volta.
Nunca, em meus dias mais otimistas, eu pensava que
um time marroquino desclassificaria o todo-poderoso Atlético Mineiro (todo
poderoso pro Kaiu ne, gte). Meu pai passou a seguir as noticias do Bayern de
Munique, e todos os dias me ligava pra dizer que não ia dar, que o Atlético ia
ser campeão mundial e que a nossa paz estava no fim.
Sim, nossa paz. Porque atleticano tem um problema gravíssimo:
como nunca joga nada, não sabe como se portar perante a zuação alheia. A vida
inteira a alegria deles era a derrota do time azul. Gozaram anos com o pau
alheio, eram a torcida arco-íris do Brasil. Se eles ganhassem o Mundial, título
que, infelizmente não temos, a chatice ia ser homérica. Eles, que não tem
história, iam tripudiar, da mesma forma que o Diego Tardeli fez com a vitória
maravilhosa do Cruzeiro no campeonato Brasileiro. Como já disse por aí, não sou
vingativa, mas a vida cobra caro por tudo que fazemos, e a conta do Atlético-MG
foi paga e muito bem paga no dia 18/12/2013.
“Raja Casablanca? Que time é esse? Seca mariada!
Monterrey vai ser cozido que nem Tijuana”. Mas a história não mente, jamais vai
mudar. Time grande respeita os adversários, time grande sabe aceitar a derrota,
torcedor (to falando de torcedor e não de gente que tem bosta no lugar de cérebro)
sabe brincar e aceitar quando a brincadeira é inversa. O Atlético-MG precisa
aprender mais humildade. Acho que essa foi a lição dada pelo simpático time
marroquino: HUMILDADE.
Jogaram com raça, jogaram contra o ídolo deles, o
Ronaldinho Gaúcho. Jogaram por suas famílias, por seus torcedores, por Allah. Jogaram
com um propósito: o de vencer para a sua torcida, para o seu país. Qual era o propósito
do Atlético-MG? “Ganhar para acabar com o Cruzeiro. Ganhar para humilhar a
mariada”. Por ultimo era ganhar para dar alegria a tal massa. Kalil, meu
querido, você e nem ninguém vai destruir o Cruzeiro. Sabemos muito bem que esse
é seu grande sonho, você mesmo já disse. Um clube com a grandeza do Cruzeiro
não se ergue da noite para o dia. Vocês já passaram dos cem anos e ao primeiro
Mundial que vão, dão vexame. Antes a vergonha era a nível nacional, agora é
internacional. O Ronaldinho Gaúcho ajudou a “abrilhantar” a pequenez do clube. Nem
ele, o grande Ronaldinho endeusado pelos marroquinhos pôde salvar o Galo de
perder pra si mesmo.
A arrogância, eu sempre disse isso para meu pai,
sempre foi o problema do Atlético-MG. A arrogância de seus jogadores, de seus
torcedores. Amigos, a humildade é algo precioso na vida e muito mais no
futebol. Jogo é dentro de campo, aprendam isso.
Só faço essa resenha gigantesca falando do
Altético-MG, porque hoje vi o quanto há torcedores que não aceitam o outro
lado. Eles nos zoam, nos brincamos, mas se nos os zoamos nos transformamos em “cruzeirenses
ignorantes”, como escreveu uma amiga minha. Tudo bem agüentar um ano inteiro a
zoação de vocês, mas a gente não pode NE? Ta serto.
Contudo, devo dizer que estou felicíssima com ano do
futebol mineiro. Sou cruzeirense mas fiquei feliz sim com o titulo do Atlético.
Fiquei feliz porque sei separar a minha paixão da razão. Sei que para Minas
Gerais e para o próprio futebol brasileiro, dois times de fora do eixo Rio-São
Paulo ganharem as duas mais importantes competições da América é um bom sinal. Sinal
de que o futebol brasileiro não está sendo “espanholizado”.
E obrigada Allah, meu bom
Allah! Obrigada meu Deus, meu bom Deus! Obrigada aos meus santos, anjos,
orixás, guias e minha Nossa Senhora pelo ano bom, pelo ano maravilhoso!
Obrigada por me protegeram das ações dos idiotas sem cérebro que vão ao estádio
para brigar, quebrar, roubar, matar... Obrigada por me guiarem pela mão, na
alegria da vitória ou na tristeza da derrota. Mais um ano se acaba, que 2014 as
emoções sejam em triplo!!!
SALAMALEICO!
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