"Tu eras também uma pequena folha
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube
que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo."
Pablo Neruda
Hoje penso nas mãos que não toquei,
nas mãos que não entrelacei às minhas,
no cálido beijo que, timidamente, reneguei.
Hoje penso nos olhos de tempestade de outono,
olhos que não consigo parar de olhar,
quando estou perto,
e que não consigo parar de lembrar,
quando estou longe.
Hoje penso no destino ingrato,
nas malditas Moiras que tecem meus passos,
por mais que eu queira,
há uma maldita barreira...
Barreira que vem de seus olhos...
que não entendo o que quer,
Esses malditos olhos me enganam,
como as tempestades de outono...
Mas te quero entrelaçar as mãos,
Roubar seu pensamento,
repartir tormentas,
entrelaçar seu coração ao meu,
quebrar essas barreiras,
Ter em mim, esses olhos inteiros
e as mãos unidas,
como um dia, eu não consegui unir...
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