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"O diabo desta vida é que entre cem caminhos temos que escolher apenas um, e viver com a nostalgia dos outros noventa e nove." Fernando Sabino

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Te vejo dentro

Te vejo dentro,
aceito esse peso,
essa delícia de te ter assim,
colado, suado, desnudo.

Me vejo dentro também,
dividindo esse peso,
essa ânsia de vida, de vitória,
e me calo e me iludo com a imaginação.

Dois seres unidos pela carne,
enlaçados pela alma.
Parece que, finalmente,
as almas se acertaram. Acertaram os passos.

Se te vejo,
te sinto inteiro nos teus beijos,
e teus olhos,
encantadores olhos oblíquos,

me tomam a alma,
fazem arrepiar todos os cabelos do corpo
e me lançam ao mais puro gozo.
Onde eu me entrego novamente...

Não te quero apenas porque te quero,
te quero porque além do corpo,
quero tua alma,
sugar tua alma como te sugo o gosto.

Quero as entranhas encantadas de palavras,
quero o cheiro perpetuado em velhas páginas,
quero o olhar de criança para o mundo,
para um mundo onde nossas almas se conhecem

e podem se amar.
Se nossas almas se entrelaçam tão bem...
Eu, eu que te vejo dentro,
não consigo mais conter palavras!

Grito alto, falo baixo, imagino e sonho,
com os dias inteiros ao teu lado,
dividindo proezas, brigando feito irmãos,
e se amando como dois selvagens.

Não há mais nada para ser dito,
eu já disse,
Mas são teus olhos oblíquos e teu cheiro,
aquele cheiro de macho,

Que me dominam,
que me dominam por inteira.
Te vejo dentro, me vejo dentro,
não há mais como fugir.

E eu sei que não há mais como fugir,
porque se eu te deixar,
algo em mim morrerá lentamente,
e eu nem imagino o que será de mim.

Se você me deixar,
perderei o rumo,
e o cinza dominará meu mundo,
e é por isso que sei que te amo.

Mas se você me deixar,
saiba bem que irei chorar,
sofrer, despedaçar,
mas seguirei o caminho,

Sem olhos oblíquos
e sem cheiro de macho.
Segurei o caminho sem corpos suados
e almas entrelaçadas.

Mas te vejo dentro,
e mesmo não sabendo de ti,
Você me devora, eu te devoro,
e vamos ambos, devorando a vida.

Compartilharia uma vida inteira com você,
com chatice e rabugice, 
com encantamentos e alegrias.
compartilharia inteirinha derrotas e vitórias...

Compartilho, vivencio, esqueço.
Te vejo dentro,
Eu vejo os teus olhos nos meus olhos,
e nada mais importa,

Nem o que fomos,
nem o que seremos,
O que somos unidos,
é o que me importa agora...

Bruno Steinbach. ”Transmigração”. Bruno Steinbach. Óleo/duratex, 122,5x91 cm, 1998, Mossoró, Rio Grande do Norte, Brasil. Coleção Particular. Catálogo 96.Parte inferior do formulário


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