Fui remexer em papéis antigos em busca de poesias que me falassem sobre o momento de agora, mas já vivido no passado. A história acaba sendo cíclica, como o infinito, em dois círculos que se unem, indo e vindo. Acho que é por isso que eu gosto tanto do símbolo do infinito: ∞. Busco esse infinito em cores, sabores, cheiros... É sim, uma busca infinita, já me disseram. Como já me disseram também que meus olhos têm no fundo no fundo uma tristeza que parece ser sem fim. Acho que esse fundo tão fundo é o meu lado poeta. Como dizia o mestre português, “O poeta é um fingidor. /Finge tão completamente/Que chega a fingir que é dor /A dor que deveras sente.” Tenho que explicar agora que tenho duas almas… Na verdade não tenho duas almas, tenho duas partes distintas, que me completam desde pequeninha... E desde pequeninha o 8 é meu número de sorte, e o 8 é o ∞. Mais uma coincidência feliz: O número 8 faz referência a Anúbis, e para aqueles que não sabem, era o Deus Egipcio que julgava as almas, algo semelhante a São Miguel na cultura cristã. Para Anúbis, o coração não poderia ser mais pesado que uma pena. Ah, Anúbis, ainda bem que não morri hoje e não morrei tão cedo, porque meu coração pesa mais do que todos os anos da história egípcia juntos! Mas pelo lado bom, quando consigo extirpar de meu músculo pensante todas as coisas que me tem inteira, conseguirei ir sim, para o infinito paraíso.
Tudo isso apenas para dizer que vou postar algumas coisas escritas há muitos anos. Compilações antigas vão tomar conta desse meu espaço contemporâneo. Acho digno que para esquecer, antes de beber do Lethes, a gente tenha que voltar os olhos para as coisas mais antigas de nossa alma. E é um exercício muito bom, algo que realmente gosto de fazer, como um dos prazeres de Amélie.
Enfim, deixo aqui um escrito em 2007. Os meus melhores poemas datam desse ano ímpar. Também, foi um ano de extremas mudanças... Gosto de 2007. Mas os que vou postar aqui são de uma fase meio 2011. Se o ímpar 2011 for como o de 2007, já me deixa mais tranqüila... O destino não está mesmo em nossas mãos... Malditas Moiras... Deixe-me beber do Lethes, porque para esquecer, é preciso lembrar, e para renascer, e preciso esquecer.
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Ataíde - Detalhe dos Anjos de São Francisco - Mariana, MG |
“Encaminho todas as dores de meu coração
Para o buraco mais distante do universo.
Converto todos os meus amores em alegria
Dispersa em ventos amenos.
Encanto-me todos os dias com o mesmo som de
Aquarelas infinitas.
Passeio noite e dia por ruas completamente vazias.
E sinto-me tão completa somente por ter
Sobre mim estes teus olhos de ressaca amena,
Que nem me perturbo mais com os caminhos
Desta minha vida”
Kellen, janeiro, 2007.
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