Enquanto todo um país comentava o final da novela das nove da rede globo, eu não conseguia parar de pensar no universo mágico que Woody Allen criou em “Meia-noite em Paris”. Confesso que não assisti muitos filmes desse nova-iorquino que parece apaixonado com o mundo europeu, apenas três (com Meia-noite em Paris), mas posso dizer que foi um dos melhores que assisti esse ano.
Não quero bancar a intelectual de banca de jornal ou de telinha de facebook, mas é fascinante você viajar no tempo e encontrar seus ídolos. Nós somos acostumados a realizar leituras de textos de pessoas mortas, nos tornamos amigos de almas que habitam o “purgatório”, resgatamos almas e convivemos com elas. E com isso, recriamos em nós um desejo imenso de encontrá-las. Sim, de um dia encontrar Neruda e dizer que tal poema é o lema da minha vida, ou perguntar a Marc Bloch pessoalmente sobre o ofício do historiador (aliás, feliz dia 19 de agosto – dia do historiador, rsrs)!
Sim, o filme do Woody Allen é mara! Há tempos não assistia algo que me deixasse assim, tão leve e com vontade de sonhar, mesmo acordada! Pode ser o clima, as circunstâncias ou os momentos que antecederam ou sucederam ao filme, mas ver retratado ali um desejo de voltar ao passado que você tanto admira e ama é algo arrebatador!
Confesso que queria uma esquina daquelas, uma virada de cotovelo pelos ares do mestiço barroco, onde uma alma rococó me pegasse pelas mãos e me levasse de volta ao passado que tanto admiro, adoro e preciso. Voltar eu também voltaria, porque mesmo sendo saudosista de algo que vive em minha memória coletiva, a minha pessoal me convida a viver e a fazer minha história. É sempre bom voltar, melhor ainda voltar quando há alguém especial nos esperando.
Mas isso já é coisa do destino. Deixa o destino trabalhar...
É!!! Deixa as Moiras fiarem! Sou filha de Clio, mas aparentada com as fiadeiras do destino... Não entendeu? Esquece... Quando muito se explica a magia se perde e nós não queremos isso! Afinal, agora bate meia-noite em São João Del Rei, e quem sabe, entre as badaladas dos sinos, não escutamos os cascos dos cavalos a bater nas pedras do calçamento e sobre a montaria nos salte um pintor esquecido... Sonhar não custa nada... Viver também não...
Achei o máximo o que escreveste prima...
ResponderExcluirGostaria de fazer duas ressalvas aqui:
a primeira é como não comentar seu sarcasmo (discreto, inteligente... fino! rs) ao citar os "intelectuiais de telinha ou facebook" rsrs... autenticidade pura a sua!! Gostei muito mesmo!
E por fim, queria muito acreditar que viver realmente não custa nada... acho que custa e muito. E acho que vc há de concordar comigo, pois buscamos suporte diante de tantos conflitos pessoais e externos dentro da arte. Ora na escrita, ora num filme, enfim...
Mas quem não se dispõe a pagar pelo preço justo de se viver uma boa vida realmente viverá sempre à margem de algo...
Obrigada por me presentear com esse lindo Blog... me tornarei visitante assídua aqui!! rs Beijinho...
Mari.