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"O diabo desta vida é que entre cem caminhos temos que escolher apenas um, e viver com a nostalgia dos outros noventa e nove." Fernando Sabino

sábado, 27 de agosto de 2011

Sentada no jardim...

Olhando para meu jardim, de um ângulo que nunca tinha parado para observar, instintivamente me lembrei daqueles olhos de folha seca. O inverno já corre para os braços do passado, abrindo caminho para a doce primavera... Primavera que leva as folhas secas, que tiram de cena o colorido castanho do outono e o branco de serração do inverno... Meu amado inverno.
Daria tudo para permanecer com as cores do doce inverno. As cores da alma são como as estações do ano: cada um tem a sua favorita, porque de certa maneira essa estação de cores e sabores marcou a alma profundamente. No meu caso gosto do inverno simplesmente porque suas cores são sombrias, oblíquas como aqueles olhos. Muitos olhos passaram pela minha vida, e guardo cada um com uma doce lembrança, mesmo aqueles que gostaria de ter esquecido, mas não consegui.
Do verde translúcido ao azul mais profundo, já me encantei, por um verde me apaixonei profundamente, esquecendo de mim. Pelo azul, me entreguei ao bel prazer de apenas sentir a química, mas sem entregar inteiro meu corpo, alma e coração. Mas são os castanhos que me tem inteira. É essa coisa de outono esperando pelo inverno que me encanta.
Amei um belo par de olhos castanhos. Amei e amei muito, a ponto de desejar o eterno. Sempre desejo o eterno em tudo o que penso e realizo. Mas não consigo entender o que saiu errado. Talvez o amor que sentia não era o amor que seria eterno... Acontecem muitas coisas com a gente no meio do caminho. Há mudanças terríveis, sentimentos que nunca pensamos ter, afloram. Acho que foi isso que transformou o amor que possuía... Hoje olhando para trás penso que fui feliz sim, com aquele belo par de olhos, fiz também aqueles olhos brilharem por muitos momentos, mas hoje... Não mais...
Hoje tenho imenso carinho por outro par de castanhos. Carinho mesmo, vontade de compartilhar as coisas mais fúteis do mundo... Enquanto escrevo, um bando de passarinhos brinca e grita do meu lado. É essa sensação de liberdade e alegria que se mistura a afeição e desejo, que me toma quando penso naquele par de olhos... aquele par de olhos castanhos e oblíquos. A vida é imensamente engraçada... Perco tanto tempo pensando em pares de olhos, que me esqueço que dependo do outro também. Mas isso já é outra história.
Gostaria apenas de dizer que essa transição de inverno e primavera encanta minha alma, me deixa recordando as cores castanhas do outono e esperando o calor do verão...
Noirmoutier - Renoir

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