Breve histórico...

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"O diabo desta vida é que entre cem caminhos temos que escolher apenas um, e viver com a nostalgia dos outros noventa e nove." Fernando Sabino

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Confusões ...

Hoje me peguei imaginando como seria viver uma outra vida, retornar ao passado e refazer caminhos, mudar destinos, voltar e "consertar" coisas que hoje vejo que seriam melhores de uma forma diferente...


Será que chegaria hoje a ser quem sou, se eu voltasse ao passado pra mudar cada coisinha que hoje acho errado?


Não é síndrome de "Efeito Borboleta", não. É síndrome de Historiador. Historiador tem o poder de voltar ao passado e se abrir para as possibilidades do caminho. Como Samuel Butler escreveu sabiamente, "Deus não pode mudar o passado, mas os historiadores podem", sigo com essa síndrome de Historiador, a de olhar para o passado procurando possibilidades e analisando os caminhos que EU percorri até chegar ao ponto máximo da minha crise.

CRISE?


Acho que os tempos de leitura e leitura teórica durante as férias conseguiram arruinar meus neuronios normais... Quem me dera relembrar o passado apenas com a nostalgia deliciosa da infância, porém, o que me recordo mais são as memórias "trashs" de dias ruins. Muitos dias ruins...


E isso até que foi bom, justamente porque me tornei uma mulher alegre, engraçada e trágica. Isso é maravilhoso, porque não tomo Rivotril (e nunca tomei)... rsrs


Prefiro utilizar de Butler em outro contexto, no contexto de meus estudos acadêmicos. SIM, quando escrevo os passos dos meus queridos pintores, me sinto uma semi-deusa parida das entranhas de Clio, mudo o passado, recoloco na cena nomes que desapareceram, homens que nunca tiveram sua história contada, uma história que reflete o macro. O reflexo do espelho nem sempre é distorcido...


CRISE?


Kell não está em crise e nem andou revendo "Efeito Borboleta". Me imaginei mudando o "meu passado" justamente por mudar o passado de um Espírito Santo perdido. "Eles" ainda não sabem que o reencontrei e que busco recolocá-lo em sua posição de origem, mas só de reescrever uma parte da história desse homem, me revi sendo analisada por um historiador daqui alguns muitos anos...


A documentação não é o reflexo puro da realidade, meus queridos. A documentação é a imagem que queremos deixar para o futuro. Minhas anotações diárias não refletem com imparcialidade a minha realidade...


Agimos literalmente como semi-deuses. Nas nossas batalhas diárias nos arquivos, não podemos confiar em ninguém. NINGUÉM. Por isso nunca encontramos a verdade pura, é uma luta, uma odisséia sem fim, onde nunca encontraremos nossa Penélope...


Porém, não existe oficio mais fascinante do que descobrir em letras garrafadas do século XIX, XVIII ou XII os anseios, os medos e as tentativas de reflexo para o futuro que homens e mulheres deixaram registrados... registros não apenas em palavras sobre o papel, mas em tinta colorida sobre paredes e forros.


A história é o homem e nos historiadores, compartilhamos do olhar dos deuses... A crítica que está impregnada em nossa essência é o nosso diferencial, a nossa curiosidade aguçada, nosso poder...

Todo historiador é um pouco homem, um pouco deus e um pouco curioso...


Os semi-deuses custam a acreditar no chamado de seu destino, ou por medo ou por desconfiança do caminho a ser seguido. Creio que nós historiadores somos todos escolhidos por Clio, paridos dessa sábia curiosidade e escolhidos para ocuparmos um lugar, que muitas vezes, é desporovidos de valor, mas essencial para a humanidade ...

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