Breve histórico...

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"O diabo desta vida é que entre cem caminhos temos que escolher apenas um, e viver com a nostalgia dos outros noventa e nove." Fernando Sabino

domingo, 30 de outubro de 2011

Desnuda

Estou desnuda sob teus olhos.
Estou desnuda como meu reflexo no espelho,
Onde enxergo mil defeitos.
Desnuda sob teus olhos,
Dispo-me de toda máscara,
De toda maledicência,
De toda armadura.
Perante teus olhos sou apenas uma alma
Desnuda,
Frágil demais,
Fácil demais de ser dominada,
Arrastada,
Acorrentada,
Entregue.
Entrego-me facilmente aos teus abraços,
Teu cheiro tem poder sobre mim,
Um cheiro morno, um cheiro agridoce,
Um cheiro que procuro em cada minuto do dia…
Estou despida de minha armadura,
Entreguei-me de vez ao cheiro, ao gosto, ao gozo.
Nada mais me pertence.
Hora de partir pra longe,
Correr e esconder,
Porque se eu continuar me despindo,
Terei machucados demais pra sanar,
E não quero isso mais,
Não mais…



“Dois...
 Apenas dois.
Dois seres...
Dois objetos patéticos.
Cursos paralelos
Frente a frente......
Sempre......
A se olharem...
Pensar talvez:
“Paralelos que se encontram no infinito..
.”No entanto sós por enquanto.
Eternamente dois apenas.
Pablo Neruda

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Noite adentro...

Estúpido coração louco,
Insano pulsa,
insano canta.
Estúpido músculo pensante,
Estúpida poética malograda.
Estúpida mente apaixonada...
Tem dias assim,
Que me sinto frágil demais,
Boba demais...
Comigo sempre foi o contrário,
A paixão era do outro,
Agora eu sou o outro,
E ninguém repara...
Estúpido coração,
Mas mesmo assim tão mole,
Mas mesmo assim tão bom…
Coração deveria ser de pedra,
Daquele jeito duro,
Sem ter como quebrar,
Sem ter como partir.
Ai sim, coração, ai sim seria próspero,
Ai sim seria belo,
Ai sim seria sem graça,
Porque quem nunca sentiu dor,
Na felicidade nunca dará valor…
Ah, mas ande logo,
Ande logo, coração estúpido,
Já é hora de aprender a ficar no seu lugar,
Esquece a mitologia,
Que nessa chinfrinada,
Cupido não tem a quem flechar…
Eliseu Visconti - Moça no Trigal.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Já é hora da memória encontrar o esquecimento,


Já não há mais encantamento no ar,

Já deu, já era, hora de acabar.
Não quero mais olhar para o nada e nada dizer,
Porque não sei mais o que ser ou sentir ou pedir.
Cansei de fixar o pensamento em uma prece,
Já não há mais o que ser feito.
Na verdade, o que precisa ser feito nunca será.
Não nesse caso, não nesse enrolo.
Já é hora de Mnemosine encontrar o Lethes,
Já é hora da memória encontrar o esquecimento,
E assim, de mãos dadas, bebendo daquelas profundas águas,
Adormecer,
e nada sonhar...
e tudo esquecer
e nada lembrar,
pois já não há mais encantamento,
pois há preguiça demais no lugar do gostar...
Lethes é a medida das coisas,
Já Mnemosine...





"Que coisa maluca a distância, a memória".
Caio Fernando Abreu

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Pensamento da tarde...

"Dizem que existe dentro da gente um lugar sagrado,
Um lugar onde nosso Deus habita.
Nesse lugarzinho pequeno e apertado,
A beleza é eterna e o amor é corriqueiro.
Ah, esse lugarzinho...
Como queria que ele fosse o mundo inteiro!"




Catedral de Rouen com projeções de Monet - foto de Valter Matos - Agosto de 2007.


Hagia Sofia - Istambul

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Saudade...

Sou feita de saudade.
Saudade, saudade, saudade…
Tenho no peito tanto amor,
Que já me esqueço onde termina a poesia
e começa o encanto...
Sou feita de saudade,
Dessa saudade que não me permite
olhar e re-olhar fotografias de momentos
que queria que não acabassem…
Sou feita dessa saudade,
Dessa saudade que pode acabar,
Mas que eu insisto e re-insisto
Em querer guardar comigo,
Porque saudade tem aquele gostinho,
Aquele gostinho viciante de chocolate amargo...


"Confesso que me dá uma saudade irracional de você. E tenho vontade de voltar atrás, de ligar, de te dizer mil coisas, e cair em suas mãos, sem me importar com nada."
Caio Fernando Abreu.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Cansada...



Confesso.
Não queria estar onde estou,
Não queria as companhias que tenho,
Não queria as palavras que ouço,
Não queria o lugar que habito,
Não queria os meus olhos no espelho.
Não queria fazer o que eu faço,
Não queria ler o que eu leio,
Não queria dormir onde eu durmo,
Não queria estar onde estou.
É bem mais fácil se condicionar a uma situação mais ou menos.
Estou acostumando com uma situação mais ou menos.
Num quero.
Num quero mais.
Apesar de gostar um pouco de tudo o que eu não queria gostar,
Vou ter que deixar a razão no comando de novo.
Não se pode trocar os comandos…
Andei fazendo isso durante esse ano,
Trocando os comandos,
Não deu certo,
Hora de voltar à razão pro lugar,
Porque num to gostando muito do lugar que estou,
Das companhias que tenho,
Das palavras que ouço…
Enfim, o teste falhou. Hora de acordar!
Ando perdendo muito tempo,
Ando perdendo energia novamente.
Num dá pra perder energia como eu perdia.
Mas acho q isso tem muito a ver comigo mesmo,
Que me sinto atraída pelo perigo de ser novamente um caule,
Um aparato de segurança e apoio.
Mas onde eu deixei o meu caule?
Acho que nem tenho...
Passo a vida procurando um suporte,
Uma mãozinha pra ajudar,
Mas já andaram me falando que eu nem preciso disso não.
Nem sei por que pensam assim…
Na verdade sei,
Por isso confesso que não quero mais nada do que eu tenho,
Porque já saturou demais minha pobre alma.
Num agüento mais sorrir todos os dias e nem fazer as mesmas coisas.
Amanhã é outro dia,
mas mesmo assim
eu preciso realmente de férias…

Edgar Degas - O bebedor de Absinto

"É, eu confesso que não é exatamente a realidade que eu esperava encontrar. Talvez isso mude. Talvez você entre na minha vida sem tocar a campainha e me sequestre de uma vez. Talvez você pule esses três ou quatro muros que nos separam e segure a minha mão, assim, ofegante, pra nunca mais soltar. Talvez você ainda possa pular no rio e me salvar. Ou talvez eu só precise de férias, um porre e um novo amor. Porque no fundo eu sei que a realidade que eu sonhava afundou num copo de cachaça e virou utopia”. 
Caio Fernando Abreu.

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