Breve histórico...

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"O diabo desta vida é que entre cem caminhos temos que escolher apenas um, e viver com a nostalgia dos outros noventa e nove." Fernando Sabino

segunda-feira, 28 de março de 2011

Das horas que passo sozinha, a melhor companhia é a saudade, a saudade da melhor companhia que me segue toda tarde, Essa companhia é amena, é um frescor de primavera, trazendo o aroma gostoso de momentos de quimeras, Mas essa companhia também é tormento, atormenta minha alma, inquieta meu coração, e o faz doer pela saudade que ainda nem sinto... Hoje o tormento que tenho, está amarrado em meu peito porque não consigo resistir aqueles luxuriosos beijos... e nem quero resistir! passei muito tempo me deixando levar, segurando meus anseios, não me amando como deveria amar, Quero aquela alma castanha, quero estar com aquela alma estranha, que tem poder sobre mim, que me acalma e me tem inteira, e sem precisar dizer nada, me transforma no melhor que posso ser, e me faz me amar ainda mais, para poder assim, o conquistar...

sábado, 26 de março de 2011

Tormento...



Meus olhos já não conseguem mais esconder,
o que antes era apenas um penar,
hoje eu já não consigo esconder,
o que meus olhos desejam falar...

Não há nada em mim que me torne triste,
apenas a incerteza que paira no silêncio
tem o poder de me atormentar,
atormentar minha alma, inquietar o meu pensar!

Noites e noites sem dormir,
dias inteiros na procura insana
de saciar meu pensamento com sua figura,
que é a mais bela imagem...

Posso tomar mil banhos,
que esse cheiro não me larga,
que esse tormento não me deixa,
impregnou em mim como uma praga!

Praga que acelera a revoada
de mil borboletas,
que deixaram de ser larva...
e agora morrem por não saber o que fazer!

Não sei o que fazer para ser inteira,
para ter inteiramente aqueles olhos,
aqueles olhos de tormenta,
e beijar aqueles lábios,

e de sentir apenas o céu tocar a minha alma,
e de sentir o fogo tomar meu corpo,
e de sentir a dormência de pés inertes
ganhando vida, como um sopro!

Nem em mil anos consigo tirar esse perfume
que atormenta meu ar,
nem em mil anos consigo deixar de pensar
na loucura que tomou conta da minha alma,

e que aos poucos,
lentamente vai arejando as portas
de um coração que estava morto,
morto e quase enterrado...

sexta-feira, 18 de março de 2011

Borboletas

Quantos beijos tenho para contar?
Alguns aqui, outros acolá...
mas quantos direi
que me teve inteira
e que me transformou mais, muito mais
do que a larva em borboleta?
Quantos abraços raros meu corpo aceitou?
Alguns aqui, outros acolá,
mas quantos direi
que me tomou o coração
e o acariciou como se acaricia
a asa de uma borboleta perdida?
Quantas vezes me olhei no espelho
de olhos que continham o mar esperançoso,
o verde das campinhas,
e o universo inteiro?
e quantas vezes me enxerguei no fundo desses olhos?
Algumas vezes aqui, outras acolá...
Poucas vezes me enxerguei tão bem,
poucas aqui, bem poucas acolá...
E hoje, depois de tanto pó
de tanto caminhar, não tenho mais aquelas borboletas
a me acompanhar,
nem aqui, nem acolá.
e o beijo que me toma hoje é doce como mel,
acaricia meus devaneios de menina,
e me traz a realidade de mulher...
E as borboletas, onde estão?
Estão se transformando ainda,
é preciso muita coisa a acontecer,
para que deixem de lado a desconfiança
de se arrastar
para ganhar a confiança e voar...
Mas quando chega as borboletas,
nada mais é aqui ou acolá,
é dentro da alma,
pulsando o coração.
Kell
Francesco Hayez. O beijo.1856. Milão, Pinacoteca di Brera

quarta-feira, 16 de março de 2011

Mãos que se afastam...

Hoje, procurando por imagens do século XVI, me deparei com o genial Michelangelo. o Shakespeare das artes. Magnífico em cada obra, admirador da forma nada feminina, mas da forma que contorce, que demonstra como o corpo humano é perfeito. Dentre a beleza e a genialidade dele, foi um pequeno detalhe que me tocou hoje pela manhã. Foi as mãos que se afastam. Não que se afastam assim, nitidamente, não. Não há ali algo como "sai pra lá", é a sutileza que me deixou pensando...

Reconhecem? Sim, pertence a obra magnífica na Capela Sistina. Criação do homem. Quem é quem? De quem é aquela mão que desdenhosamente se encontra a esperar o esforço da outra?
O esforço é nítido na mão que se esforça pra tocar a que está a descansar languidamente, sem nenhum tipo de preocupação. Será que somos assim também? Despreocupados com tudo, sentamos languidamente a espera de milagres?

Ora bolas, milagres acontecem todos os dias, a cada segundo! Basta saber ver! Quando vejo aqueles documentários sobre a vida dos animais, por exemplo, vejo que o mundo é tão complexo que realmente é um milagre a vida. E estamos nós, esperando languidamente a aparição divina, quando o divino se esforça para demonstrar sua virtude e beleza nas pequenas coisas... Mas parece que nós não estamos mais acostumados com as pequenas coisas, queremos ver coisas gigantes demonstrando o poder do milagre.


Michelangelo soube retratar esse desdém com o divino. Naõ que o divino seja apenas o Deus único, o divino está dentro de nós mesmos... talvez ele também queria demonstrar que nós somos tão poderosos quanto Deus, quando a feição do homem é de uma declinação quase tediosa.


O homem não exerga Deus em si e não respeita o Deus que há no próximo. Sim, o "Homem é o lobo do Homem" quando deveria ser o milagre, o compartilhar de ações, a alegria da convivência, o respeito mútuo. Enquanto não enxergarmos o esforço divino para que ocorresse o milagre da vida, não vamos ver que somos imagem e semelhança, que o Deus que há nele, há em mim, e como somos iguais, precisamos nos respeitar. Mas não é isso que ocorre.


Enquanto isso, Deus se esforça pra chegar próximo de nós. Talvez se a gente usasse o espelho de casa para ver além do que se vê, enxergaríamos o esforço divino dentro de nós, enxergaríamos o milagre que é a vida. E assim, o respeito estaria aflorado e os deuses na terra, conviveriam bem.
É, não custa lembrar que a Esperança foi o último item da Caixa de Pandora. Eles, os Deuses, mesmo sabendo da nossa ignorância e inveja, souberam deixar um alento. E minha esperança é ver esses deuses humanos, ver nós todos, em harmonia. Não há uma cidade divina, não há um paraíso ou inferno. O milagre está ai para quem quiser ver e viver, não estrague a única chance de se sentir realmente um deus.

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