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"O diabo desta vida é que entre cem caminhos temos que escolher apenas um, e viver com a nostalgia dos outros noventa e nove." Fernando Sabino

sábado, 19 de julho de 2014

Memória de papel

#PrazamigaApaixonada

Esbarrei sem querer no passado. Era de manhã, fazia frio e eu não tinha ainda aberto os olhos da forma correta. Tropeçando nos meus próprios pés, para variar, entrei na casa de fora para dar bom dia ao Jack. A calopsita mais humana da face da terra já estava de pé, irritadissímo com a ausência do seu som e com o barulho da natureza. Ao ligar o rádio acabei batendo a cabeça fortemente na estante, tudo balançou e enquanto eu dizia "aiaiai, minha cabeça", algumas caixinhas despencaram. A estante velha de guerra se manteve em pé, mas fez o trabalho de mensageira do tempo (ela e minha cabeça).

No chão, duas caixas de papelão: uma roxa, de sapato, e uma redonda bonitinha, daquelas de bombons. Ao olhar para as duas caixas no chão, um turbilhão de memórias invadiu meu coração. Peguei primeiro a redonda e a abri. Ali dentro as palavras traziam de volta todo um passado, algumas coisas boas, alguns momentos lindos, muitas saudades. Eram cartas trocadas com meus amigos, eram bilhetinhos de romance escondido em sala de aula, eram fofocas, apostas, colas, saudade.
Reli alguns pedaços de papel com um sorriso bobo na face. Outra hora caia uma lagriminha, mas o sentimento era irreal. Era como se eu pudesse voltar. Como se eu pudesse sentir tudo aquilo de novo, mas sem o drama, sem a dúvida, com controle, feliz.

A segunda caixa eu sabia, que era muito especial. A caixa roxa colorida guarda apenas uma história. A história de amor mais bonita, registrada em fotos, cartas, origamis, emails, sms e mensagens no Orkut. Ao abrir a caixa me deparei com uma carta, escrita por mim, mas nunca entregue. Reli. Tudo o que justificava uma vírgula e o ponto final estavam ali. Nuas, bem fundamentadas, bonitas e sem nenhum ódio ou raiva. Fiquei orgulhosa da minha maturidade, afinal já fazem quase quatro anos que as escrevi.
Ao fechar a minha carta, abri o álbum de fotos e revi meus olhinhos de felicidade. Revi meus olhinhos de pesar. A gente sempre diz que não sabe quando o fim de aproxima, mas nossos olhos sempre sabem. Basta olharmos nossas fotografias antigas para detectar os sinais.

Ao observar aquelas fotos, todas muito bonitas (eu era mais jovem e um pouco estranha, só que tinha braços mais bonitos, rs), senti necessidade de reler algumas coisas e sabia que as coisas escritas eram muito mais bonitas que as fotografias antigas.

Reli apenas os emails e os recadinhos do Orkut. Se fosse ler as infinitas cartas, perderia meu dia (ou ganharia, não sei), só que não senti necessidade de reler tudo. O que li me deixou feliz. Vi minha teoria na prática. Essa minha história é o exemplo máximo daquilo que digo para minha jovem amiga apaixonada: Se joga. Não precisa temer o tempo. Tempo é relativo. Já levei apenas cinco dias e já levei um ano para ouvir um "eu te amo", e os dois foram sinceros. 

Reler aquelas mensagens me deixou feliz por me lembrar que fui importante na vida de alguém. Que em algum momento eu fiz a diferença. Palavras são tão lindas! Escritas então, elas se eternizam. Atualmente existem outros mecanismos para o relacionamento e todos eles são ótimos e válidos. Do Whatsapp ao Skype. Elas não deixam você se esquecer e te lembram a todo momento que existe, mesmo que longe, alguém muito especial pensando em você.

Mas escrevi mais, não por causa do encontrão com meu passado. Escrevi mais para uma amiga apaixonada. Não se pode controlar tudo, tentamos sempre nos controlar. Mas quando a paixão nos pega, é preciso saber que por ela vale correr todos os riscos. Que a paixão é muito mais que palavras bonitas, é sintonia, é saudade, é esse aperto no peito quando não tem notícia. O tempo é relativo. Cinco dias ou um ano, não importa. O que importa é o rebuliço que isso trás pra alma, e na mesma intensidade desse rebuliço vem a calma, aquela coisa boa que a gente nem sabia que existia.

Medo?

Todos temos. Relacionamentos terminam, começam, terminam. Sofrer? Todos sofremos. Contudo, ficamos mais vivos! A vida passa a ter cor. E mesmo que você caia do voo, só de voar já vale a pena. 
Talvez a história termine. Talvez não. E se terminar, que ela tenha valido a pena pra você. Só pra você. 

Termino desejando que todos tenham uma caixa dessas em casa...

"Das marcas que tenho, as de amor são as mais belas.
Da história mais bonita,
guardo numa caixa roxa colorida,
lembranças daquilo que a memória
deixou escapar...
Mas que, sem querer,
me transformaram nessa melodiosa
romântica desesperançada..."

Kell e os Origamis que ganhava de presente. Debaixo deles, a caixa roxa.


segunda-feira, 7 de julho de 2014

Assinado: eu

Quando me sento calada, ao lado de lembranças tão distantes, me sinto como um passarinho preso na gaiola, com saudades daquilo que não vai  voltar.
Dos meus olhos lacrimosos, o que tenho mais saudade é daquele sorriso largo, que se abria cada hora que eu falava algo bobo ou de quando, juntos, descobríamos algo novo. Nada disso mais volta, nem o nascer do sol daqueles dias eternos em que eu me sentia unicamente a mulher da vida de alguém.
Anos se passam num piscar de olhos e as lembranças acabam se tornando um bom lugar para revisitar em dias de chuva, de frio ou de passeio de ônibus. Sentir o que já não existe mais, mas que continua em algum canto vivo, é bom. É bom saber que tudo o que se foi, foi bem feito, foi único, acabou bem acabado, mas deixou uma pontinha de saudade.
Tem coisas que não se repetem (e ainda bem que não). Há aqueles amores quentes que amolecem a alma e que quando acabam, não rompem com o coração, pelo contrário, o deixa mais forte para receber o próximo presente da vida. No meu curto espaço de vida tive alguns amores. Alguns partiram meu coração, outros colaram, muitos tantos eu joguei fora. Daqueles que ficaram me ensinaram a ser uma pessoa mais feliz, mais humana e cada vez mais romântica.
Sou uma menina sonhadora e um pouco romântica... tudo na mesma proporção da mulher realista e dura que existe em mim. Na grande maioria do tempo vivo com a pele da mulher dura, difícil, que não acredita mais na humanidade mesquinha. Debaixo da carcaça dura, tem lá aquela moça sonhadora, que acredita que o mundo pode melhorar. Quando essa face vem a tona, assusta e mostra toda a incoerência da minha alma. E esse é um ponto a ser dito: sou incoerente, sou de lua e mudo de opinião quando me dão bons argumentos. Entretanto, não leiam isso como uma personalidade volúvel. A única coisa que sei que não sou.
O romantismo me atrapalha. E a racionalidade também. Parece que nunca estou satisfeita, que sempre há algo que me falta e eu acabo cobrando demais de quem está ao meu redor e, sobretudo, de mim mesma.
Ando pensando muito na vida e nas cobranças que ela me faz, e nas que me faço. Parece que não tenho mais tempo ou que eu tenho todo o tempo do mundo. Acho que a crise dos vinte e poucos anos finalmente me alcançou, trazendo com ele toda a carga vivida nesses vinte e sete anos.
Não me arrependo de nada. Faria tudo novamente. Dos fins aos meios, dos meios ao começo. Não preciso mais me sentir como a única mulher na vida de alguém, pois hoje eu tenho a certeza e as provas mais lindas do mundo. Cada lembrança acumulada deixa marcas. As minhas tem sido boas. Os caminhos tem sido generosos e os sabores, os melhores. Acho que tudo o que vivemos é importante para valorizamos sempre as nossas conquistas, nossas paixões, nossa alma.
As saudades se misturam, as lembranças mudam a cada segundo. A vida é boa, mesmo o mundo sendo tão ruim (nem sempre). Acho que tudo isso é pra dizer que estou feliz por ter em meu coração algumas incertezas gostosas (nem sempre). O ar falta, mas agora não a certeza. A direção que meu coração aponta é para a felicidade. Mesmo nadando contra as marés e deixando olhinhos de decepção para trás. Não dá mais para parar e é isso que me preocupa.

Acho que isso é uma página de diário.
Assim, com carinho, me despeço.
Assinado: Eu.

Assinado eu

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