Breve histórico...

Minha foto
"O diabo desta vida é que entre cem caminhos temos que escolher apenas um, e viver com a nostalgia dos outros noventa e nove." Fernando Sabino

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Os cisnes que há dentro de nós...

Natalie Portman está fascinante nesse filme. Recomendo e torço para que o trabalho da atriz seja coroado com o Oscar 2011.


Essa semana eu tive o prazer de assitir "Black Swan" - "Cisne Negro", um filme primoroso de Darren Aronosfky. Muitas pessoas não vão conseguir assitir ao filme pelo simples fato de parecer apenas uma narrativa que demonstra o drama de uma bailarina de New York. Engana-se aqueles que se perdem antes mesmo de "ver" e "sentir" o filme.




Eu sou daquelas que se apaixona pelos personagens, que os encara como se já os conhecesse. O processo é mais lento, gostoso e pertubador quando estamos degustando uma agradável ou tensa leitura. Com os filmes, tudo acontece mais rápido, no ritmo frenético do mundo atual. Com Nina, protagonista do longa, me identifiquei em vários pontos, sendo aquele pela busca da perfeição algo que me incomodou o filme inteiro, justamente porque todos nós buscamos isso em nossas vidas.




A metáfora utilizada pelos cisnes é genial. A luta que ocorre em Nina ocorre em cada um de nós, no dia-a-dia de nossas buscas. O cisne branco, com toda a candura, a bondade, inocência... enquanto o cisne negro encarna todos os piores sentimentos, maldade, perversidade, inveja... Nina simplesmente precisa controlar as duas faces da moeda para alcançar a sua sonhada perfeição.




A perfeição para a personagem seria o domínio da técnica, sentir-se perfeita importava pouco para Nina, era preciso ser reconhecida pela sua perfeição. Todos nós queremos o reconhecimento em nossas vidas, tanto pessoal quando profissional, e o filme demonstra justamente isso e o quanto isso pode custar caro. A vida vale mais do que essa busca... mas as vezes fazemos dessa busca a nossa vida...




Sofremos as mesmas pressões que a personagem. A mãe é como o nosso "chefe", nosso "professor", nossos "pais", que nos cercam, que nos impõe a verdade deles para delimitar a nossa vivência. O sufocamento, a angústia e a glória do reconhecimento permeia essas relações. Somos os cisnes brancos, meigos, necessitados de proteção.




Lily é a metáfora da liberdade, aquela que mostra que viver é compatível com a busca pela perfeição. Lily demonstra que tanta disciplina, tanta preocupação apenas faz de você um ser cada dia mais frágil às ações daqueles que impõe determinada verdade, determinado exemplo a ser seguido. O cisne negro é aquele lado mais profundo de nossa alma, aquele lado que conhecemos apenas o necessário para deixá-lo sobre domínio. O cisne negro é aquele que não se rebaixa, que não se esconde, que não tem medo da queda, diferente do cisne branco, medroso e necessidado de uma proteção que não a dele mesmo.




A junção dos dois está dentro de nossas almas. Para muitos, uma luta sem fim. Para outros, uma batalha agradável de auto-controle. A perfeição só pode ser alcançada com o equilibrio entre as forças que dominam nosso subcosnciente. A ingenuidade usada com malícia, a beleza usada com a sensualidade, os pares antagônicos que usados com equilibrio se tornam a melhor forma de sobrevivência.




Buscar a perfeição não leva a nenhum lugar. Não basta ser perfeito, tem que saber o que é errar, pois o erro faz parte do crescimento humano. Dentro de nós existe esses dois cisnes. Acho que nenhum deles precisa morrer para o outro enfim, dominar. A morte, pode soar metaforicamente, é como acordar de um sonho (lembrado de "A origem"), um sonho que nunca mais irá acontecer, um sonho que sabemos como começa, mas que temos medo, muito medo da queda, do que vem depois. A morte de um dos nossos cisnes acaba com o show, acaba com o equilibrio, e sem esse equilibrio tão tênue, nos transformamos em sentimentos materializados.




Esses sentimentos materializados são fáceis de ser identificados: quando nos deparamos na outra pessoa algo que nos incomoda profundamente é o sinal de que nós também somos daquele jeito, ou fomos um dia. Nada mais incomoda as pessoas que ver os seus defeitos em ação na pessoa alheia. A morte seria apenas o "sono" de um dos lados. Esse "sono" leve, desperta em momentos impróprios, quando a antipatia nos pega na primeira olhada. O cisne branco não suporta encarar o cisne negro...




A perfeição, pra mim, seria o domínio dos dois cisnes...


e Nina nos prova isso no final...









3 comentários:

  1. Todos temos um lado bom e um lado ruim, ou melhor dizendo um lado fraco, inseguro e outro completo de si, forte capaz dos sentimentos mais intensos. Um é a fraqueza do outro e o equilíbrio pela busca da perfeição intangível, é a nossa própria fraqueza. Texto excelente Kellen, como sempre...

    ResponderExcluir
  2. Eu acredito que para dar início à aceitação do nosso lado Negro já existente dentro de nós, devemos "matar" o lado doce... frágil.
    Isso pode soar de forma agressiva aos olhares alheios mas essa busca é necessária. E só depois de estar cara a cara com suas perversidades, se permitir deixar levar, aí sim os dois lados podem caminhar de mãos dadas.
    Mas para um aparecer é fato que o outro em algum momento adormece... a morte significou pra mim o mesmo que a liberdade, a entrega total. É como diz numa música da Banda de pau e corda:
    "É preciso morrer pra viver..."
    Beijos minha gênia! ;)
    Mari prima.

    ResponderExcluir

Seguidores