Breve histórico...

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"O diabo desta vida é que entre cem caminhos temos que escolher apenas um, e viver com a nostalgia dos outros noventa e nove." Fernando Sabino

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Oblíquo

Gosto dos teus olhos.
Não são olhos de tom incomum,
Incomum é a beleza que tens.
Gosto de olhar nos teus olhos,
Olhos tão profundos,
Olhos de desejo cruel.
Gosto quando sorri e seus olhos se obliquam,
Gosto do gosto que me dá quando me olha assim,
Enviesado, torto, mordaz.
Gosto do gosto dos seus olhos sobre mim,
Gosto dos seus olhos,
Expressivos, silenciosos, mortais.
Parece que seus olhos têm vida própria,
Não condizem com suas ausências...
Por isso gosto dos seus olhos,
Olhos de castanheira,
Olhos de folha seca...
Que mesmo quando fechados nas pálpebras
dilaceram minha alma...
Pior é acordar sem ter esses olhos,
Pior é saber que esses olhos
Não pertencem a minha alma...
Ai de mim, que fico apenas com a pior parte:
A saudade...

Anjinhos - Igreja Matriz de Santa Luzia - Minas Gerais

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Aguardando o "Cavaleiro de Copas"

Tenho no peito muito medo,
Tenho na alma certo desespero...
De ver tudo ruir, de ver tudo acabar!

Depois de tanto insistir,
Depois de tanto sonhar,
Não creio ser bom deixar o campo assim,
Sem, ao menos, tentar...

Eis que tenho comigo saudade,
Saudade que não poderia ter,
Eis que o medo é daquilo
Que eu sei que nunca poderei ser...

Dúvida, melancolia, ansiedade...
Será mais fácil deixar tudo morrer?

Por um lado sim,
Afinal, logo o Cavaleiro de Copas ataca
E me arranca da alma toda a angústia...

Ah, se fosse assim tão fácil controlar nosso gostar,
Não ia haver tantas lágrimas a derramar...


No lado positivo, o Cavaleiro de Copas é um espírito sensível. É um poeta – amante de todas as coisas românticas e refinadas. Usa sua imaginação de maneira impressionante e consegue chegar a profundos níveis emocionais. Sabe como criar beleza e compartilhá-la com os outros. No lado negativo, tende a viajar nas fantasias e ilusões. Seu jeito melodramático é lendário. É muito temperamental e ofende-se facilmente. Não consegue suportar o desagrado e sempre deixa que os outros lidem com isso. 
Personifica as boas intenções, bem como os ambientes fartos de harmonia, de bons princípios e de calor humano. Os fatores positivos deste arcano são a retidão de caráter, a afetividade verdadeira, a fidelidade que acredita ter em tudo que se propõe e a diplomacia. A paixão arrebatadora, a entrega total dos sentimentos e o eterno estado de êxtase, podem ser considerados positivos ou negativos, de acordo como é percebida a sensibilidade em cada momento.
    Pode aparecer em tiragens como um indivíduo amoroso, apaixonado, de bem com a vida e com grande coração. Sua presença faz lembrar o namorado, o amante, o amigo sincero com quem se pode contar, ou mesmo o amor à moda antiga, do tipo que faz belas serenatas para encantar a mulher desejada. É bastante envolvente, no entanto, se deixa seduzir com facilidade, que indica perigo por enxergar a vida através do coração. A educação, delicadeza e a gentileza são distintivos ímpares deste cavaleiro. 

terça-feira, 12 de julho de 2011

Distraída e (des)contando urubus

Andei distraída por uns dias,
Contei urubus em outros,
Enganei-me com alguns passos trocados,
Mas enfim, encontrei o caminho de volta.

A distração até que traz alegria,
Os urubus até que enfeitam o céu,
Mas os passos trocados...
Traz pra mim uma bica imensa de água salgada!

Acho que as bicas também secam em tempo de chateação.
A chateação maior é ter que refazer todo um caminho de volta sozinho...
Mas cá pra nós, esse caminho até que é bonito!
Tem várias coisas belas no meio...

E no final, apenas a lembrança de urubus voando
De asas abertas, sentindo o vento cortante...
E no final também há borboletas,
Mas não mais saltitantes, apenas borboletas...

A distração é boa e a distração engana,
Eis que aquela alma que andava com poder sobre a minha,
Desfez em passe de mágica todo o encanto,
E agora, meus olhos já enxergam o que antes não via.

Distraída sempre ando,
É um perigo pra minha alma tão pequena,
Mas contar urubus por esses dias,
Já virou uma linda e finita lenda...



"Sim, sei bem
Que nunca serei alguém.
Sei de sobra
Que nunca terei uma obra.
Sei, enfim,
Que nunca saberei de mim.
Sim, mas agora,
Enquanto dura esta hora,
Este luar, estes ramos,
Esta paz em que estamos,
Deixem-me crer
O que nunca poderei ser."

Fernando Pessoa




quarta-feira, 6 de julho de 2011

SPES

 Olhos de esperança, você me diz.
Esperança de quê? 
Há tempos perdi aquela alegria da espera,
aquela ansiedade que trazia todos os dias
morreu, como morrem as flores das capelas.

Esperança pra quê?
Se ela, mesmo como sobrevivente,
é aquela que me mata todos os dias!
Não quero me atentar ao desejo,
carregando novamente no peito,
essa ânsia de viver...

Esperança é esperar,
esperar por olhos de ressaca,
que não mais irá voltar,
esperança é esquecer de mim,
esperança é o coração sossegar,
e de nada e nem ninguém 
se lembrar...

Esperança - Giotto - 1306

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Matinais...

Engraçado. Quando eu afirmo que a dor um dia passa, todos riem de mim. Quando eu digo que tudo passa, muitos não enxergam a verdade dessas palavras. Se fosse há um bom tempo atrás -ou nem tanto, talvez alguns meses passados - sentiria o tremor do Japão em minhas pernas, uma tsunami não seria capaz  de ser a metáfora para o turbilhão de sentimentos.. Hoje, porém, foi como olhar apenas para uma velha fotografia, em tons de sépia e não sentir. Nada além do que dizer, "conheço".

Há pessoas que passam pela nossa vida, como um turbilhão, despertam as melhores coisas e se vão. Não acredito em pessoas mal intencionadas... na verdade, acredito sim, mas mesmo as piores intenções do outro podem salvar sua alma, é só conseguir reunir as coisas ruins em um sentindo de aprendizado... Falar é muito fácil, fazer isso é o que demora, demanda sangue frio e paciência... Já me chamaram de insensível e hoje, por incrível que pareça, impaciente. Não tenho muita paciência mesmo não. Odeio esperar, odeio ter que manipular situações para que elas aconteçam, odeio joguinhos, odeio infantilidade ao se tratar de sentimentos e pessoas.

Pelo menos, uma característica minha marcou o outro, uma característica bem minha por sinal, e ela, por bem ou para o mal, é a característica que mais move meus passos. Não consigo esperar, tenho pressa demais, fome demais, sono demais, intensidade demais. Por isso sofro demais, e quando acordo, não sofro mais. Não gosto de conta-gotas. Esses conta-gotas me atrasam. Toda vez que decido partir, vem um sopro e me puxa pra trás. Não é uma mão, não é um abraço, não é um vento e nem corda, nada tão forte e significativo, algo frágil como uma brisa.

E odeio isso. Odeio me deixar levar. Por isso tem dias, que ainda acordo pensando em coisas que eu já poderia ter esquecido. Mas hoje, quando me deparei com aquela visão tão merecedora de odes feitos por Clio, senti em mim a força que andava faltando nos últimos meses. Realidade ou não, é que a gente acaba criando representações do outro, imaginando para suprir buracos, carências, vivências. E quando você se depara com a realidade, é um choque, por bem ou para o mal, é um choque... e você acaba descobrindo que seu coração não pulsava por um sentimento, mas estava acostumado a pulsar por uma imagem longe da realidade.

Nesse caso, dou créditos a Platão, que considerava qualquer representação uma terrível máscara pra a realidade, que já é um espelho deformando do mundo ideal. A cadeira não é a cadeira. Uma paixão muitas vezes não passa apenas de uma ilusão. E quando a gente encontra a realidade é um alívio tão grande pra alma, que a gente começa a ter esperança de que um dia, a gente possa encontrar de verdade um sentimento real.

Quantos caminhos até a realidade?!
Não sei, mas por enquanto, estou muito bem, obrigada, nesse mundo ilusório e feliz em que acordo todos os dias. Talvez amanhã ou depois eu mude de ideia, vista minha armadura, monte em meu cavalo e volte para o caminho da realidade... talvez amanhã, talvez depois... O único problema é que um coração vazio pesa muito, pesa tanto, que dá vontade de desfazer no meio da viagem... mas aí, não valeria a pena a caminhada...



sexta-feira, 1 de julho de 2011

Tenho no peito uma dor imensa,
A imensa dor da saudade...
Saudade de pés enrolados,
Conversas eternas e
De abraços demorados...

Tenho no peito uma enorme incerteza,
Será apenas desejo,
Ou haverá uma emoção encoberta?

Tenho no peito uma alegria inebriante,
E na alma, uma cachoeira de lágrimas,
Tudo em volta é tão incerto,
E tudo em volta tem gosto de saudade...


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