Breve histórico...

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"O diabo desta vida é que entre cem caminhos temos que escolher apenas um, e viver com a nostalgia dos outros noventa e nove." Fernando Sabino

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Cenas de um cotidiano...

Queria escrever algo bonito,
Queria saber se o moço bonito
Ainda me chama pelo nome
Ou se já acostumou ao apelido.

Queria mesmo esquecer esse dia corrido,
Deitar na cama quentinha,
Abraçada ao moço bonito.
Ah, se eu pudesse tê-lo na minha...

Queria mesmo férias eternas,
Abraços quentes, abraços molhados,
Corpos encharcados,
De amor, de suor, de paixão.

Ah, mas o moço bonito
Não me diz nada,
Não diz por que não sabe
Ou porque tem medo?

Também tenho medo,
Por isso eu queria apenas
Três coisinhas básicas:
Amor cotidiano,
Paixão fulminante e
Inquietação eterna...

The Beautiful Kitchen Maid - François Boucher
Um cotidiano manso com cenas de uma vida tranqüila é o sonho dos poetas amaldiçoados com a ausência de uma inquietação profunda, de um tormento eterno...

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

...



Não quero pensar na ausência,
Na saudade,
Não quero pensar que logo serei passado.
Dizem por aí que tudo termina,
Que tudo acaba.
E não quero sair por aí dizendo que sou apenas
Uma boa lembrança,
Uma história passada.
Não quero pensar na ausência,
Nas dores e na ansiedade.
Não quero pensar no que dizem por aí,
Só quero pensar que eu tive bons momentos,
Que por alguns segundos pensei em mudar
Minha história,
Que deixei de lado mil medos e mergulhei fundo
Na queda colossal.
Não quero pensar na ausência,
Quero pensar nas coisas boas que conquistei
Quando me permitir viver um sentimento
Que nem eu mesma consigo descrever.
Não quero pensar na saudade,
Nem na queda.
Quero pensar apenas no eterno
Que é te ter todos os dias…
Mas os dias logo se acabam
E me levam para longe de você.


A prece, o desejo, a espera... A prece por um coração semelhante ao meu, o desejo de ter comigo os melhores momentos de uma vida e a espera, a espera interminável pelo cavaleiro de copas, que não aparece para salvar essa pequena prece das intempéries, dos motins e da ansiedade de estar a mercê de algo perecível, de algo que queria que fosse eterno, mas é findável como as chuvas de verão...

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Haikai III


"Apresse o marcha, menina.
A chuva não tarda,
O amor é que já passou..."


Ando mais pessimista do que nunca. A chuva não me deixa pensar claramente nas coisas. Acho que o mês de novembro tem dessas coisas amenas, de tirar o foco da verdade e nos afundar em um desejo de melancolia e solidão. Não quero o meu sorriso triste, quero meu sorriso aberto, minha alma colorida. Mas novembro não deixa. Novembro é sombrio. Agosto tem bons ventos. Gosto dos ventos de agosto, mês que todos chamam de “mês do desgosto”. Pra mim agosto é o mês do gosto gostoso. Mas novembro... Essa imediata proximidade com o fim talvez seja o motivo de tanta tristeza, perceber que mais um ano se acaba e o que foi feito? Muito pouco, quase nada… Aperta o passo, menina! A chuva não tarda, o amor é que já passou. Passou como passa as paixões nas asas das borboletas, como passa as tempestades de verão, como os olhares de desejo. Passou porque não era amor, infelizmente, menina. Aperta o passo, anda. Se não a chuva cai e leva seu novembro enxurrada abaixo. Se bem que esse pessimismo já é uma corredeira sem escala. Mas ande, todo mundo precisa se esconder das tempestades, das avalanches, dos sentimentos... Não se acanhe, não chore, apenas se apresse...

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Palavras...

Se em cada palavra há um sentindo,
Em cada verso há uma força,
Uma oração cheia de desejo
Para que você volte para mim,
Para que você queira ser para mim
O tudo e o nada.
Se em cada palavra há uma canção,
Cada pensamento tem uma vontade.
Vontade de tornar real e palpável
Todos os sonhos, todos os desejos,
Toda a realidade imaginada.
Minhas palavras não te tocam,
Meus desejos não te alcançam.
Deixo tudo o que queria dizer
Não proferido.
Palavras detêm um poder de construir
E destruir inimaginável.
Não sei viver sem palavras,
Sentidos nos falam mais,
Concordo,
Mas as palavras... Ah essas palavras poderosas…
Malditas, mas abençoadas
Ficam presas para sempre na memória,
Na memória que não se esquece,
Na memória que não se apaga
Os sentidos das palavras proferidas e anunciadas…

(Fuente: Monet. Karin Sagner-Dütching. TASCHEN, 2.003.)


sábado, 5 de novembro de 2011

Um pouco de todo o sentimento do mundo...

O Abraço - Gustav Klint


Tens em mim um pouco de todo o sentimento do mundo.
Tens a dose diária da alegria,
A estupefata presença pessimista das reclamações,
E todos os sonhos do mundo.
Tens em mim um pouco da angustiante paixão,
 E do caminhar em passos largos do amor
Por um lamaceiro sem fundo.
As asas da borboleta começam a queimar,
Não sei aonde elas vão me deixar cair,
Mas tu sabes bem que tem em mim todo o sentimento do mundo,
Que não está em minhas mãos,
Muito menos em meu coração.
Está em todo o meu corpo,
Da alma fechada ao riso
Ao cérebro racional entusiasmado contigo,
Tenho em mim amor profundo por ti,
E todos os sonhos do mundo se tornam reais
Quando estou ouvindo os teus,
E todas as tristezas do mundo ganham uma lágrima de alegria,
E todas as alegrias do mundo ganham um sorriso de imortalidade
Quando estou perto de ti.
Não sei onde vou cair,
Pois as asas queimam como um braseiro ao vento,
Mas as borboletas não me abandonam,
Estão dentro de mim, assim como você.
Parece que as almas deram um nó,
Parece que as pernas não se soltam e
Não conseguem se desvencilhar!
Não quero que desvencilhem,
Não quero que se soltem,
Não quero perder esse som,
Essa doçura e esse desejo…
Largou-me há tempos o bom senso,
Desde quando olhei para seus olhos
Meu mundo mudou.
Posso sorrir mesmo sabendo que
Amanhã posso estar debulhada e em lágrimas...
É estranho, porque não sei onde vou cair,
Mas confesso que tu tens em mim todo o sentimento do mundo,
Confesso que posso até cair das asas em chamas,
Mas valeu cada segundo de surto...
Valeu cada minuto de arrebatamento,
Cada minuto em seus braços
Valeu.
O beijo - Gustav Klint

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