Breve histórico...

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"O diabo desta vida é que entre cem caminhos temos que escolher apenas um, e viver com a nostalgia dos outros noventa e nove." Fernando Sabino

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Sad...



Hoje o dia não está sendo o dos melhores,
Já olhei um milhão de vezes pela janela,
Já pressionei meus passos pelas ruas cheias,
E quando senti o cheiro que queria esquecer,
Veio alguém e me fez lembrar quem eu já nem lembrava.
Disse que éramos felizes,
Éramos sim.
Disse que éramos apaixonados,
Éramos sim.
Mas o que mudou no caminho fui eu,
Eu não quis mais o que eu tinha,
Eu não quis mais ser o que eu não era.
Tudo bem que eu posso até sentir saudade,
Sinto saudade sim do carinho,
Mas que no final já não era mais só meu…
Sinto saudade do amor que era me dado,
Mas que no final já não era mais só meu…
Sinto saudade de mãos e corpos enlaçados,
Mas o engraçado é que não dói como deveria doer,
Não faz a falta que deveria fazer!
Estou triste, não estou muito bem hoje não.
Mas vai passar como tudo passa.
Eu mando embora logo essa tristeza,
Essa tristeza de ter sido enganada,
De ter sido jogada pra trás como um descartável,
Enfim…
Prefiro meus olhos de ressaca ao meu sorriso daqueles dias…

“Ela tem muita dúvida como todos têm. Mas nem todos sabem a beleza de saber lidar com a tristeza. Ela sabe. Ela ouve a música que seu coração pede e modela seu ritmo ao seu estado de espírito. Ela dança a coreografia de seus sentimentos, e todos podem ver. Ela é mais que um sorriso tímido de canto de boca, dos que você sabe que ela soube o que você quis dizer. Ela fala com o coração e sabe que o amor, não é qualquer um que consegue ter. Ela é a sensibilidade de alguém que não entende o que veio fazer nessa vida, mas vive.” Caio Fernando Abreu.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Paisagem de viagem

Mantiqueira - Região de Barbacena - MG

Percebi com aquele vento, com aquele verde, com aquele cheiro, que não era nada daquilo que eu pensava. Percebi quando olhei inclinado, que aqueles olhos não eram aqueles olhos. Percebi que não eram mais aquelas mãos. Alguma coisa havia mudado. Podia ser o clima, a noite, o barulho infernal das buzinas pela manhã e o arrastar dos móveis pela tarde. Podia, mas não era. Eu havia errado o gosto. Eu havia errado tudo. E agora, que a noite me invade e me toma o corpo cansado com a ansiedade dos meus dias, penso e relembro os dias estranhos que precederam minha iluminação. Creio que não fui eu que acordei diferente, creio que apenas não enxergava o que queria. Hoje enxerguei e prefiro o Lethes, prefiro Anúbis pesando minha alma e Miguel me puxando pela mão. Encaminhe-me ao paraíso, senhor de armadura brilhante. Meu coração é morto e fadigado. Minha alma está morta e fadigada. Meus sonhos estão estraçalhados e não quero mais tempo. Percebi hoje com aquele vento, percebi hoje com aquele verde, com aquele cheiro que não quero ter nada daquilo comigo. Por isso me leve pela mão, senhor da armadura brilhante. Nada de cavalos, dragões ou carros, apenas o enlace doce de suas mãos. Nada de penas ou balanças. Nada de eterno ou de alma. Nada de amor, nada de esperança, nada de nada. O caos reina em dois reinos distintos de si. Não se pode ter o sol quando o que se quer mesmo é a companhia da lua… Não se pode querer andar junto quando o destino lhe quer sozinho…

"
A minha mãe , quando me contou a estréia do Bolero, falou-me da sua emoção, dos gritos, dos aplausos e dos assobios, do tumulto. Algures na mesma sala encontrava-se um homem que ela nunca conheceu, Claude Lévi-Strauss. Como ele , muito mais tarde, minha mãe confiou-me que aquela música mudara a sua vida.
Agora, compreendo porquê. Sei o que significava para a sua geração aquela frase repetida, seringada, imposta pelo ritmo e o crescendo. O Bolero não é uma peça musical como as outras. É uma profecia. Conta a história de uma raiva, de uma fome. Quando termina em violência, o silêncio que se segue é terrível para os sobreviventes atordoados."
J.M.G. Le Clézio, in " A Música da Fome ", Edições D. Quixote, 2009.


domingo, 11 de setembro de 2011

Entre Morgana e o Cruzeiro, um sábado perdido.

Pois bem, falei que não ia aparecer novamente no meu blog esse mês, mas parece que realmente eu não me controlo muito não. Bem, isso é um problema pra mim que não vou adentrar em detalhes. Só estou aqui para compartilhar com vocês a sensação do meu sábado perdido.

Começarei primeiro pelo o que mais me mata: o CRUZEIRO. Puxa vida, gente! QUE ACONTECEU COM MEU TIME? Muitos amigos e desconhecidos cruzeirenses se perguntam nesse momento. Aquele time do começo do ano desapareceu! Desapareceu como? Não do nada, mas o querido presidente vendeu peças importantes do elenco, e não repôs a altura. Mudanças de técnicos, venda de jogadores, “pãoduragem” mais que visível dos dirigentes eu não comprar jogadores. O He-man queria jogar no Cruzeiro, gente! E porque não o contrataram?! Não tinha dinheiro... Agora coloca o Nelore pra jogar no ataque! Coloca, pode colocar ele lá, vamos ver a rapidez com que ele domina a bola. Urucubaca danada! Desde aquele ano terrível de 2001 que o Cruzeiro não entra em uma crise dessas!!! Acho que o problema tem a ver com o ano, só pode! 2011... ô ano minguado pro meu Cruzeiro!!!!
A sorte, meu queridos, a sorte é que o Atlético-MG não engrena nunca! Porque se fosse o contrário, nossa, estaríamos no purgatório, porque nunca vi torcida mais chata como a do Atlético... brincadeira. Mas também fico triste em ver Minas Gerais TÃO MAL REPRESENTADA!


PRA PIORAR O SÁBADO... Decepção com Camelot!!!!

Morgana Pendragon ou Morgana das Fadas sempre foi a minha personagem mais querida dos livros! As Brumas de Avalon foram um marco na minha vida e sobretudo a força dessa personagem... enfim, pensando que a série mostraria um pouco do universo retratado no livro de Marion, o que vejo é uma miscelânea de histórias sem pé e nem cabeça! Na verdade, não entendi nada no primeiro episódio. Enquanto mostrava uma cena de um Arthur pré-adolescente se esbaldando com uma loira, eu pensei: “não, esse não pode ser o Arthur”. E ERA! Ah, nem...

As únicas coisas que valeram a pena foi o Joseph Fiennes como Merlin e Eva Green como Morgana. SIM!!!! A Morgana de Eva está soberba! Maravilhosa! Uma deusa! E não tem culpa da bobagem que transformaram a história. A Mesma coisa digo do Merlin. Ainda bem que ele não tá velhinho bonitinho e sim com de mago mesmo, daqueles que você olha e precisa olhar de novo pra entender a personalidade do rapaz. Adorei o misterioso olhar do Joseph, apesar de preferir mil vezes o seu irmão, Ralf, rs.
Enfim, meu sábado foi perdido! Justamente porque coloquei expectativas demais em duas coisas que eu esperava muito mais! Ainda vou assistir mais um episodio de Camelot, pra ver o que vai acontecer, gostei da tensão colocada entre Morgana-Merlin.


E o Rei Lot é o meu querido e saudoso Marco Antônio, da série Roma. Muito bom mesmo rever o Purefoy novamente com roupinhas de época! Um arraso! Quanto ao Cruzeiro... difícil... acho que para o bem da minha saúde, não vou assistir mais jogos. Estou pensando seriamente em algo sobrenatural rondando a sorte do meu time, algo a ver com superstição... Mas enfim, salvemos o Domingo!

sábado, 10 de setembro de 2011

de 2006...

Do ano de 2006, desenterro um pequeno poema escrito na aula de Antropologia de Ivan Velasco. Fico pensando na minha capacidade de abstração total para escrever. E a inspiração, de onde vinha? Sim, sim, vinha de alguns anos atrás. Eu com minha mania de “amores platônicos e paixões camonianas” enfeitava com melancolia os dias da minha vida. Alguns poemas são bons, são sim, mas a maioria dá vontade de rasgar. Só não rasgo porque querendo ou não, nesses papeis e nessas linhas há muito do que eu vivi. E eu pensava que não ia sobreviver. Coisa de bobo pensar isso, não é? Pois é, quem disse que não sou boba? Pois pensava que não sobreviveria. Tsc, tsc, como era boba... ainda bem que certas coisas amadurecem, ganham uma forma melhor. Hoje consigo escrever sem falar muito em “amor”. Porque antigamente era uma coisa com o tal do “amor”. Depois que a gente amadurece e encara de verdade um amor, a gente vê o quanto estávamos errados. Eu estava enormemente errada. Já amei, já apaixonei, já me encantei. Tudo isso já senti e hoje, ainda bem, consigo diferenciar um pouco cada tonalidade das asas das borboletas, apesar de ainda usar da tal da “Licença poética” para descrever meus sentimentos.
 “Amor platônico”, já tive. “Paixão Camoniana”, já tive. “Anjo Barroco”, já tive. “Moço loiro”, já tive. “Olhos de ressaca”, já tive. “Amor eterno, príncipe, amor”, já tive. “Olhos oblíquos”, também. Agora espero por nova inspiração. Mas antes disso, uma homenagem a setembro: um retorno ao dia 26 de 2006.





Passadas essas horas mortas,
Desde dia morto e enterrado,
Descansarei sobre os braços amáveis
Da poltrona amarelada e esquecida
Nos cantos da velha casa,
E tentarei em nada pensar,
Nem nos sonhos bons das antigas tardes,
Nem nas tormentas das amenas manhãs.
Passadas essas horas tão cruéis,
Que me seguem a quase duas décadas de quimeras
Desfeitas,
Sentarei na varanda ou a beira de um rio doce
E barulhento, e observarei o mais belo pôr-do-sol
Dos dias frios de minha alma.
Não sou melancólica,
Apenas tenho licença poética
Para falar dessas tormentas que me seguem
Durante todos os dias da minha vida… 

Young girl reading on the floor, Degas, 1889.






sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Morangos Gelados

Noite passada fui enlaçada por outros braços, braços que não eram os seus. A boca do outro me sugou, aquelas mãos me apertaram, e o corpo de outro se chegou contra o meu. Todo o flerte foi maravilhoso, os olhos no olhos, o sorriso de lado, algo meio setecentista me tornava alguém que estava feliz por ter aquele moço estranho me encarando com olhinhos de desejo e curiosidade. Venceu a timidez, veio conversar comigo, misturamos gelo, morangos e chocolates, risos altos, besteirinhas de futebol, correria do dia-a-dia, desejos profissionais e sonhos pessoais. Demorou algum bom tempo até aquela boca juntar-se a minha. Nem pensei muito, deixe-me levar pela música e pelos morangos gelados com o chocolate quente. Fechei os olhos com um sorriso de lado, sorriso de conquista realizada.


Mas durou apenas alguns segundos.

Quando a boca do outro me sugou, meu coração parou, minhas mãos se soltaram, meus olhos crispados deixaram rolar algumas lágrimas pequenas. Não era a boca que queria, o cheiro não era o cheiro que tanto conhecia, as mãos não eram as mãos que me tocavam em sintonia com tudo o que mais desejo. O gosto, o gosto não era o mesmo e nem se aproximava do ideal da minha alma. Por mais alguns segundos quis correr, mas não conseguia porque o abraço se tornava mais apertado, mais rude, gostoso até, mas não era onde eu queria estar, não queria mais estar ali, com aquele estranho me olhando fundo, me tocando o rosto com gesto de carinho e eu não queria que ele me tocasse assim. Estranho. Poderia estar em qualquer lugar do mundo e com o homem mais interessante deles, poderia beijá-lo, mas o gosto, o cheiro e toque não seriam aqueles que eu tanto desejo.

Soltou-me, olhei bem nos seus olhos e disse que precisava mesmo ir. Perguntou porque, porque ir embora tão cedo, a festa nem tinha começado direito... mas em mim havia algo que queria sair correndo, abrir os braços sobre um céu estrelado e olhar a lua distante, tão distante quanto aquele coração que não se abre, daquele coração que se guarda, daquela voz que não fala. Fui embora, não sabia pra onde ir, mas fui embora.

Por enquanto não quero pensar, gostar, sentir outro alguém. Por enquanto prefiro a companhia doce da lua, os caminhos malogrados da vida. Por enquanto prefiro esperar, vou esperar mais um pouquinho. Nunca se sabe o que o outro pensa, o que o outro quer. Apesar de você deixar claro que tem o coração ocupado por amores do passado, acho que também tem medo. Medo de se envolver tanto que volte a ter o coração machucado.

Mas é a vida. Se não houver coisas do tipo, não há beleza no caminho. Pensei que poderia beijar o moço e não me lembrar de você. Mas me lembrei. Queria não ser assim, tão sentimental. Não posso fazer nada. Por enquanto não posso fazer nada, por enquanto não quero fazer nada. Por enquanto só quero ter você, porque em cada cheiro que sinto, procuro o seu cheiro, porque quando olho pro céu, só consigo ver três pontinhos em forma de um triangulo tão sensual quanto a beleza dos seus braços. Vou esquecer o que sinto por você, não de você. Mas não quero agora. Na hora que eu quiser, esqueço. Hoje não esqueço porque quero entrar no seu coração. Vou entrar, não vou machucar ou quebrar nada. Vou apenas me assentar ali, esperando pelo seu bem-querer...












segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Poética 67 (Entendimento)


Esse poema data do começo de 2007. Com alguns toques de melancolia e extrema verdade, falei sobre o que muitos me perguntavam: Porque escreve tão triste assim se não é triste assim que te vejo? Foi uma das primeiras tentativas de tentar explicar minha poesia. Com o tempo desisti. Se explica muito perde o encanto. Já falei isso uma pá de vezes pra um monte de gente que me pergunta. Pseudônimo falhou. Todo mundo, na época, já conhecia meu estilo poético. Rodava a sala, a folha amassada do caderno, em meio a aulas inúteis. Enfim, eis minha obra repetida e ovacionada por um cérebro velho de guerra.


Não procure me entender.
Não procure me entender pela via poética
das minhas escritas malogradas.
Se procura me entender,
o melhor que se tem a fazer é simples:
apenas olhe no fundo de meus olhos,
sim, esses olhos castanhos,
janela da minha alma tão confusa,
e poderá entender o que sou,
e as coisas que escrevo.
Minha poesia é triste,
não tem uma alegria que atinge
o coração das pessoas,
Pelo contrário, as deixa tristes, vazias...
E eu pessoalmente não sou tão triste assim...
Ando com um pouco de alegria perdida,
Ando com disposição para gastar energia…
Talvez minha poesia melancólica me explique,
talvez nem meus olhos castanhos consigam…
Por isso não me procurem entender pela via poética,
Procurem me conhecer, olhar no fundo dos meus olhos,
Conversar…
Apenas depois da minha morte,
Aí sim, tentem me entender pelos poemas que escrevi,
Pelos contos que fiz e pelas palavras que falei.
Porque somente assim.
Depois da minha morte,
Eu saberei me entender,
E toda essa poesia terá cessado,
Terá cessado de se modificar,
Com a passagem desse vento tão querido…
Kellen - 19 de abril de 2007.
Woman Reading – 1894 – Henri Matisse - (Musée National d’Arte Moderne, Centre Georges Pompidou, Paris)

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Remexendo em velhos papéis...


Fui remexer em papéis antigos em busca de poesias que me falassem sobre o momento de agora, mas já vivido no passado. A história acaba sendo cíclica, como o infinito, em dois círculos que se unem, indo e vindo. Acho que é por isso que eu gosto tanto do símbolo do infinito: ∞. Busco esse infinito em cores, sabores, cheiros... É sim, uma busca infinita, já me disseram. Como já me disseram também que meus olhos têm no fundo no fundo uma tristeza que parece ser sem fim. Acho que esse fundo tão fundo é o meu lado poeta. Como dizia o mestre português, O poeta é um fingidor. /Finge tão completamente/Que chega a fingir que é dor /A dor que deveras sente. Tenho que explicar agora que tenho duas almas… Na verdade não tenho duas almas, tenho duas partes distintas, que me completam desde pequeninha... E desde pequeninha o 8 é meu número de sorte, e o 8 é o ∞.  Mais uma coincidência feliz: O número 8 faz referência a Anúbis, e para aqueles que não sabem, era o Deus Egipcio que julgava as almas, algo semelhante a São Miguel na cultura cristã. Para Anúbis, o coração não poderia ser mais pesado que uma pena. Ah, Anúbis, ainda bem que não morri hoje e não morrei tão cedo, porque meu coração pesa mais do que todos os anos da história egípcia juntos! Mas pelo lado bom, quando consigo extirpar de meu músculo pensante todas as coisas que me tem inteira, conseguirei ir sim, para o infinito paraíso.
Tudo isso apenas para dizer que vou postar algumas coisas escritas há muitos anos. Compilações antigas vão tomar conta desse meu espaço contemporâneo. Acho digno que para esquecer, antes de beber do Lethes, a gente tenha que voltar os olhos para as coisas mais antigas de nossa alma. E é um exercício muito bom, algo que realmente gosto de fazer, como um dos prazeres de Amélie.
Enfim, deixo aqui um escrito em 2007. Os meus melhores poemas datam desse ano ímpar. Também, foi um ano de extremas mudanças... Gosto de 2007. Mas os que vou postar aqui são de uma fase meio 2011. Se o ímpar 2011 for como o de 2007, já me deixa mais tranqüila... O destino não está mesmo em nossas mãos... Malditas Moiras... Deixe-me beber do Lethes, porque para esquecer, é preciso lembrar, e para renascer, e preciso esquecer.

Ataíde - Detalhe dos Anjos de São Francisco - Mariana, MG

“Encaminho todas as dores de meu coração
Para o buraco mais distante do universo.
Converto todos os meus amores em alegria
Dispersa em ventos amenos.
Encanto-me todos os dias com o mesmo som de
Aquarelas infinitas.
Passeio noite e dia por ruas completamente vazias.
E sinto-me tão completa somente por ter
Sobre mim estes teus olhos de ressaca amena,
Que nem me perturbo mais com os caminhos
Desta minha vida”

Kellen, janeiro, 2007.

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