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"O diabo desta vida é que entre cem caminhos temos que escolher apenas um, e viver com a nostalgia dos outros noventa e nove." Fernando Sabino

terça-feira, 5 de abril de 2011

La cible et le feu ...




As Parcas -William Blake-1795. bico de pena e aquarela sobre papel tate-gallery-londres




Tecendo o destino com fogo. Assim pensava quando escrevia há tempos atrás. Pensava que o alvo a se alcançar deveria ser alcançado a ferro e fogo, queimando em brasa e arrasando com todos os obstáculos que surgissem... Assim pensava... ás vezes penso, outras tantas, esqueço.


O destino vai além... Há quem diga que não se pode pensar em destino, porque a História perderia o sentido. Será? Assim como Clio, as Moiras também são mitológicas, são esssas Moiras que tecem nosso destino, que não foge a história e ao curso natural da vida: todos nós nascemos, crescemos e morremos. E a linha tênue que separa esses momentos estão nas mãos delas.

São as três irmãs que produzem o fio a ser desenrolado e por fim, cortado. Nada acontece fora desse curso. Cloto, a fiandeira, representa a que tece a teia da vida; Láchesis, a que distribui a parte que cabe a cada alma e, Átropos, a que cortava o fio da vida.

As Parcas, 1587. Jacob Matham. Holanda, 1571 -1631. Gravura-em-metal-museu-de-arte-do-condado-de-los-angeles-eua



Curiosamente, essas três irmãs são representadas como velhas ou por mulheres com feições duras. Acho que tecer o fio da vida de cada mortal - tb de cada deus grego - era uma grande e penosa responsabilidade. Até hoje o é. E elas o tecem, ás vezes de forma dura, impetuosa, outras tantas gentil e maravilhosa. O diabo dessa vida é isso, ter um único caminho e uma única vida. Pensar que três mulheres tecem o destino e que ele, aliado as forças cósmicas do universo conduz nossa vida dá medo. Outras tantas, enche de esperança.

O destino é o fogo que queima cada pedaço de nossa alma, que busca uma resposta para nos dar consolação, para acalentar nosso coração, para deixar a vida menos rígida. Se não era pra acontecer, é destino. Pensar isso é falta de capacidade. O destino existe, as Moiras existem, estão a tecer. Mas qualquer um que tem boa vontade e coragem pode tomar o fuso e re-tecer sua história, mesmo com todos os cães do Hades ladrando. Há que ter coragem pra mudar, e é essa coragem que muda o fio do destino.

Nas nossas mãos temos as Moiras. São elas que tecem, mas somos nós que guiamos suas mãos, querendo ou não, somos deuses também e podemos cortar e remendar, podemos queimar e renascer como a fênix. Sou filha de Clio, mas também sou prima das Moiras... e sou eu. Posso o que quiser, até o dia em que Miguel venha pesar meu coração e como Anúbis, decidir se meu coração é mais leve que uma pena. Aí sim, nesse dia, meu destino já não estará mais em minhas mãos...

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