Breve histórico...

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"O diabo desta vida é que entre cem caminhos temos que escolher apenas um, e viver com a nostalgia dos outros noventa e nove." Fernando Sabino

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Balanço de final de ano.

Papi, Mami e Kell


Definido em alguns trocadilhos, 2011 foi paradoxal. Reuniu em seus números a sentença de várias almas. Se alguns assuntos ficaram pela metade em 2010, em 2011 eles foram finalmente sanados. Sem loucura, sem dor, com dignidade. 2011 também foi o ano das tempestades. Tempestades que começaram em fevereiro, voltaram em maio e agora finalmente foram embora. A melhor coisa foi a recuperação do meu papinho lindo e quanto a isso, agradeço a Deus, a Ciência e aos Homens. Todos em mesma escala, pois todos fizeram parte do desfecho feliz. Esse aninho ruim me deu um presente que quase joguei fora. Cheguei a jogar fora, mas a insanidade dos sentimentos me fazia voltar, pegar e guardar novamente. Esse gosto cigano, de idas e vindas foi o que me deixou mais nervosa durante esse ano, mas confesso que também foi a melhor coisa que poderia ter acontecido comigo. Salvou um pedacinho de mim que já nem existia. E esse pedacinho também reencontrou e fez novos amigos. Quer coisa melhor? Quer coisa melhor que voltar a sorrir verdadeiramente, sem ter que ouvir coisas ruins das pessoas que você tanto gosta? Ao menos nesse ponto 2011 foi fabuloso! Sofri horrores no futebol... Chorei, gritei, calculei e no final... Pra no final... Poder dizer que em 2012 o Cruzeiro vai ser melhor! Exímio foi esse final... 6 no maior rival!!!! Ai meu coração explodindo de alegria novamente! Perdi um pedacinho de mim que andava sobre quatro patas... E essa foi uma das piores coisas que 2011 me trouxe. E vai ser uma das coisas que mais vou sentir falta, pois já sinto e sinto tanto! Realizei algumas viagens... Fiz planos de viagens! Viajei para Cartagena das Índias umas quatro vezes, para o Egito umas duas, para Praga umas duas também... E voei!!! Que emoção! Mas não foi pra Colômbia, África ou Europa... Gastei rios de dinheiro comprando livros... Enlouqueci um milhão de vezes em várias livrarias, enlouqueci um milhão de vezes brincando com meus vizinhos de transformers, enlouqueci um milhão de vezes me contorcendo de rir por situações diversas... Cai mais um milhão, torci o joelho, furei o dedão, quebrei todas as unhas na carne... Fui em vários Encontros de Família! O problema foi justamente não ter conseguido pegar nenhum dos dois buquês... Conheci primos que não conhecia, revi primos que há anos não via, fotografei a vida, fotografei o passado, ganhei uma câmera! Melhor presente material que poderia ter ganhado! Fui bem tratada em congressos, fui chicoteada em outros, questionada em todos, sobrevivi a Qualificação, sobrevivi a uma erupção estomacal dentro de uma doceria! Ocultei “crimes”, confabulei com o inimigo, chorei em filmes que já havia assistido, pensei que não amaria mais ninguém, sofri com meu ¼ de século, assisti a Trilogia do Poderoso Chefão e com isso 2011 caminha para seu último dia. 2011 passou. Mas de 2011 quero que fique coisas e pessoas em 2012 e para o resto dos dias da minha vida, se possível. Os cheiros e os gostos, os abraços e as risadas, as lágrimas e beijos. Quero os amigos que conquistei junto com os velhos amigos. Mas quero em 2012 poder dizer eu te amo verdadeiramente pra quem ainda não ouviu. Só quero que 2012 o mundo não acabe, que o Cruzeiro não rebaixe, que minha família permaneça unida, que meus amigos realizem seus desejos, que eu me torne mestra e que encontre a pessoa pra complementar meus dias. 2011 passou. Mas deixou as bases para que 2012 seja um ano melhor e inesquecível. Então... ACELERA QUE É RETA!!!!!
Santo Antônio do Pirapetinga - Andanças por MG. Que 2012 prossiga assim, várias viagens, vários tesouros encontrados


terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Lamentações dos vinte dias

Se a cada hora que passa,
A ilusão aumenta e a lentidão recai,
Descubro que esse peso já não me pertence,
Que essa dor não pode corroer mais.
Cada passo é um desconsolo,
Pois já podia ter acabado,
Mas prossegue assim, arrastado,
Como um moribundo em busca da tumba.
Já não são mais horas mortas,
Já são dias mortos,
Sem futuro, sem presente, sem passado.
Cada hora que passa aumenta
a agonia de ter que saber que
o amanhã já foi partido,
desistido,
morto e enterrado.
Se o futuro não existe,
Jogo fora, mesmo a duras penas,
Esse presente que falseia esperanças
de dias eternos.
Cada hora que passa é um lamento.
Desisto desse presente,
É hora de mudar o futuro,
Afinal faltam apenas vinte dias
Para meu ¼ de século...

Becos da antiga Vila de São José

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Cenas de um cotidiano...

Queria escrever algo bonito,
Queria saber se o moço bonito
Ainda me chama pelo nome
Ou se já acostumou ao apelido.

Queria mesmo esquecer esse dia corrido,
Deitar na cama quentinha,
Abraçada ao moço bonito.
Ah, se eu pudesse tê-lo na minha...

Queria mesmo férias eternas,
Abraços quentes, abraços molhados,
Corpos encharcados,
De amor, de suor, de paixão.

Ah, mas o moço bonito
Não me diz nada,
Não diz por que não sabe
Ou porque tem medo?

Também tenho medo,
Por isso eu queria apenas
Três coisinhas básicas:
Amor cotidiano,
Paixão fulminante e
Inquietação eterna...

The Beautiful Kitchen Maid - François Boucher
Um cotidiano manso com cenas de uma vida tranqüila é o sonho dos poetas amaldiçoados com a ausência de uma inquietação profunda, de um tormento eterno...

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

...



Não quero pensar na ausência,
Na saudade,
Não quero pensar que logo serei passado.
Dizem por aí que tudo termina,
Que tudo acaba.
E não quero sair por aí dizendo que sou apenas
Uma boa lembrança,
Uma história passada.
Não quero pensar na ausência,
Nas dores e na ansiedade.
Não quero pensar no que dizem por aí,
Só quero pensar que eu tive bons momentos,
Que por alguns segundos pensei em mudar
Minha história,
Que deixei de lado mil medos e mergulhei fundo
Na queda colossal.
Não quero pensar na ausência,
Quero pensar nas coisas boas que conquistei
Quando me permitir viver um sentimento
Que nem eu mesma consigo descrever.
Não quero pensar na saudade,
Nem na queda.
Quero pensar apenas no eterno
Que é te ter todos os dias…
Mas os dias logo se acabam
E me levam para longe de você.


A prece, o desejo, a espera... A prece por um coração semelhante ao meu, o desejo de ter comigo os melhores momentos de uma vida e a espera, a espera interminável pelo cavaleiro de copas, que não aparece para salvar essa pequena prece das intempéries, dos motins e da ansiedade de estar a mercê de algo perecível, de algo que queria que fosse eterno, mas é findável como as chuvas de verão...

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Haikai III


"Apresse o marcha, menina.
A chuva não tarda,
O amor é que já passou..."


Ando mais pessimista do que nunca. A chuva não me deixa pensar claramente nas coisas. Acho que o mês de novembro tem dessas coisas amenas, de tirar o foco da verdade e nos afundar em um desejo de melancolia e solidão. Não quero o meu sorriso triste, quero meu sorriso aberto, minha alma colorida. Mas novembro não deixa. Novembro é sombrio. Agosto tem bons ventos. Gosto dos ventos de agosto, mês que todos chamam de “mês do desgosto”. Pra mim agosto é o mês do gosto gostoso. Mas novembro... Essa imediata proximidade com o fim talvez seja o motivo de tanta tristeza, perceber que mais um ano se acaba e o que foi feito? Muito pouco, quase nada… Aperta o passo, menina! A chuva não tarda, o amor é que já passou. Passou como passa as paixões nas asas das borboletas, como passa as tempestades de verão, como os olhares de desejo. Passou porque não era amor, infelizmente, menina. Aperta o passo, anda. Se não a chuva cai e leva seu novembro enxurrada abaixo. Se bem que esse pessimismo já é uma corredeira sem escala. Mas ande, todo mundo precisa se esconder das tempestades, das avalanches, dos sentimentos... Não se acanhe, não chore, apenas se apresse...

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Palavras...

Se em cada palavra há um sentindo,
Em cada verso há uma força,
Uma oração cheia de desejo
Para que você volte para mim,
Para que você queira ser para mim
O tudo e o nada.
Se em cada palavra há uma canção,
Cada pensamento tem uma vontade.
Vontade de tornar real e palpável
Todos os sonhos, todos os desejos,
Toda a realidade imaginada.
Minhas palavras não te tocam,
Meus desejos não te alcançam.
Deixo tudo o que queria dizer
Não proferido.
Palavras detêm um poder de construir
E destruir inimaginável.
Não sei viver sem palavras,
Sentidos nos falam mais,
Concordo,
Mas as palavras... Ah essas palavras poderosas…
Malditas, mas abençoadas
Ficam presas para sempre na memória,
Na memória que não se esquece,
Na memória que não se apaga
Os sentidos das palavras proferidas e anunciadas…

(Fuente: Monet. Karin Sagner-Dütching. TASCHEN, 2.003.)


sábado, 5 de novembro de 2011

Um pouco de todo o sentimento do mundo...

O Abraço - Gustav Klint


Tens em mim um pouco de todo o sentimento do mundo.
Tens a dose diária da alegria,
A estupefata presença pessimista das reclamações,
E todos os sonhos do mundo.
Tens em mim um pouco da angustiante paixão,
 E do caminhar em passos largos do amor
Por um lamaceiro sem fundo.
As asas da borboleta começam a queimar,
Não sei aonde elas vão me deixar cair,
Mas tu sabes bem que tem em mim todo o sentimento do mundo,
Que não está em minhas mãos,
Muito menos em meu coração.
Está em todo o meu corpo,
Da alma fechada ao riso
Ao cérebro racional entusiasmado contigo,
Tenho em mim amor profundo por ti,
E todos os sonhos do mundo se tornam reais
Quando estou ouvindo os teus,
E todas as tristezas do mundo ganham uma lágrima de alegria,
E todas as alegrias do mundo ganham um sorriso de imortalidade
Quando estou perto de ti.
Não sei onde vou cair,
Pois as asas queimam como um braseiro ao vento,
Mas as borboletas não me abandonam,
Estão dentro de mim, assim como você.
Parece que as almas deram um nó,
Parece que as pernas não se soltam e
Não conseguem se desvencilhar!
Não quero que desvencilhem,
Não quero que se soltem,
Não quero perder esse som,
Essa doçura e esse desejo…
Largou-me há tempos o bom senso,
Desde quando olhei para seus olhos
Meu mundo mudou.
Posso sorrir mesmo sabendo que
Amanhã posso estar debulhada e em lágrimas...
É estranho, porque não sei onde vou cair,
Mas confesso que tu tens em mim todo o sentimento do mundo,
Confesso que posso até cair das asas em chamas,
Mas valeu cada segundo de surto...
Valeu cada minuto de arrebatamento,
Cada minuto em seus braços
Valeu.
O beijo - Gustav Klint

domingo, 30 de outubro de 2011

Desnuda

Estou desnuda sob teus olhos.
Estou desnuda como meu reflexo no espelho,
Onde enxergo mil defeitos.
Desnuda sob teus olhos,
Dispo-me de toda máscara,
De toda maledicência,
De toda armadura.
Perante teus olhos sou apenas uma alma
Desnuda,
Frágil demais,
Fácil demais de ser dominada,
Arrastada,
Acorrentada,
Entregue.
Entrego-me facilmente aos teus abraços,
Teu cheiro tem poder sobre mim,
Um cheiro morno, um cheiro agridoce,
Um cheiro que procuro em cada minuto do dia…
Estou despida de minha armadura,
Entreguei-me de vez ao cheiro, ao gosto, ao gozo.
Nada mais me pertence.
Hora de partir pra longe,
Correr e esconder,
Porque se eu continuar me despindo,
Terei machucados demais pra sanar,
E não quero isso mais,
Não mais…



“Dois...
 Apenas dois.
Dois seres...
Dois objetos patéticos.
Cursos paralelos
Frente a frente......
Sempre......
A se olharem...
Pensar talvez:
“Paralelos que se encontram no infinito..
.”No entanto sós por enquanto.
Eternamente dois apenas.
Pablo Neruda

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Noite adentro...

Estúpido coração louco,
Insano pulsa,
insano canta.
Estúpido músculo pensante,
Estúpida poética malograda.
Estúpida mente apaixonada...
Tem dias assim,
Que me sinto frágil demais,
Boba demais...
Comigo sempre foi o contrário,
A paixão era do outro,
Agora eu sou o outro,
E ninguém repara...
Estúpido coração,
Mas mesmo assim tão mole,
Mas mesmo assim tão bom…
Coração deveria ser de pedra,
Daquele jeito duro,
Sem ter como quebrar,
Sem ter como partir.
Ai sim, coração, ai sim seria próspero,
Ai sim seria belo,
Ai sim seria sem graça,
Porque quem nunca sentiu dor,
Na felicidade nunca dará valor…
Ah, mas ande logo,
Ande logo, coração estúpido,
Já é hora de aprender a ficar no seu lugar,
Esquece a mitologia,
Que nessa chinfrinada,
Cupido não tem a quem flechar…
Eliseu Visconti - Moça no Trigal.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Já é hora da memória encontrar o esquecimento,


Já não há mais encantamento no ar,

Já deu, já era, hora de acabar.
Não quero mais olhar para o nada e nada dizer,
Porque não sei mais o que ser ou sentir ou pedir.
Cansei de fixar o pensamento em uma prece,
Já não há mais o que ser feito.
Na verdade, o que precisa ser feito nunca será.
Não nesse caso, não nesse enrolo.
Já é hora de Mnemosine encontrar o Lethes,
Já é hora da memória encontrar o esquecimento,
E assim, de mãos dadas, bebendo daquelas profundas águas,
Adormecer,
e nada sonhar...
e tudo esquecer
e nada lembrar,
pois já não há mais encantamento,
pois há preguiça demais no lugar do gostar...
Lethes é a medida das coisas,
Já Mnemosine...





"Que coisa maluca a distância, a memória".
Caio Fernando Abreu

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Pensamento da tarde...

"Dizem que existe dentro da gente um lugar sagrado,
Um lugar onde nosso Deus habita.
Nesse lugarzinho pequeno e apertado,
A beleza é eterna e o amor é corriqueiro.
Ah, esse lugarzinho...
Como queria que ele fosse o mundo inteiro!"




Catedral de Rouen com projeções de Monet - foto de Valter Matos - Agosto de 2007.


Hagia Sofia - Istambul

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Saudade...

Sou feita de saudade.
Saudade, saudade, saudade…
Tenho no peito tanto amor,
Que já me esqueço onde termina a poesia
e começa o encanto...
Sou feita de saudade,
Dessa saudade que não me permite
olhar e re-olhar fotografias de momentos
que queria que não acabassem…
Sou feita dessa saudade,
Dessa saudade que pode acabar,
Mas que eu insisto e re-insisto
Em querer guardar comigo,
Porque saudade tem aquele gostinho,
Aquele gostinho viciante de chocolate amargo...


"Confesso que me dá uma saudade irracional de você. E tenho vontade de voltar atrás, de ligar, de te dizer mil coisas, e cair em suas mãos, sem me importar com nada."
Caio Fernando Abreu.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Cansada...



Confesso.
Não queria estar onde estou,
Não queria as companhias que tenho,
Não queria as palavras que ouço,
Não queria o lugar que habito,
Não queria os meus olhos no espelho.
Não queria fazer o que eu faço,
Não queria ler o que eu leio,
Não queria dormir onde eu durmo,
Não queria estar onde estou.
É bem mais fácil se condicionar a uma situação mais ou menos.
Estou acostumando com uma situação mais ou menos.
Num quero.
Num quero mais.
Apesar de gostar um pouco de tudo o que eu não queria gostar,
Vou ter que deixar a razão no comando de novo.
Não se pode trocar os comandos…
Andei fazendo isso durante esse ano,
Trocando os comandos,
Não deu certo,
Hora de voltar à razão pro lugar,
Porque num to gostando muito do lugar que estou,
Das companhias que tenho,
Das palavras que ouço…
Enfim, o teste falhou. Hora de acordar!
Ando perdendo muito tempo,
Ando perdendo energia novamente.
Num dá pra perder energia como eu perdia.
Mas acho q isso tem muito a ver comigo mesmo,
Que me sinto atraída pelo perigo de ser novamente um caule,
Um aparato de segurança e apoio.
Mas onde eu deixei o meu caule?
Acho que nem tenho...
Passo a vida procurando um suporte,
Uma mãozinha pra ajudar,
Mas já andaram me falando que eu nem preciso disso não.
Nem sei por que pensam assim…
Na verdade sei,
Por isso confesso que não quero mais nada do que eu tenho,
Porque já saturou demais minha pobre alma.
Num agüento mais sorrir todos os dias e nem fazer as mesmas coisas.
Amanhã é outro dia,
mas mesmo assim
eu preciso realmente de férias…

Edgar Degas - O bebedor de Absinto

"É, eu confesso que não é exatamente a realidade que eu esperava encontrar. Talvez isso mude. Talvez você entre na minha vida sem tocar a campainha e me sequestre de uma vez. Talvez você pule esses três ou quatro muros que nos separam e segure a minha mão, assim, ofegante, pra nunca mais soltar. Talvez você ainda possa pular no rio e me salvar. Ou talvez eu só precise de férias, um porre e um novo amor. Porque no fundo eu sei que a realidade que eu sonhava afundou num copo de cachaça e virou utopia”. 
Caio Fernando Abreu.

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