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"O diabo desta vida é que entre cem caminhos temos que escolher apenas um, e viver com a nostalgia dos outros noventa e nove." Fernando Sabino

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Olhos azuis.

Eis que me surge em um dia frio de outono um belo par de olhos azuis. Tão belos quanto o céu mais limpo e azul de verão. Surgiu, caminhou entre mortais com os passos de deus pagão levando consigo todos os olhares que o cercavam.
Passou soberbo e duvidoso. Eis que aquele lindo par de olhos parou e olhou para mim, simples mortal, e me perguntou sobre sua dúvida. Filho de Clio com voz de Apolo. Passou e os olhos seguiram os leves passos do belo par de olhos de verão intenso.
Repousou seus olhos nos meus olhos enquanto falava sobre coisas historiográficas e compatíveis com as minhas. Encanto a primeira vista... Encanto a segunda frase, nas trocas de informações. O mestrado emburrece, eu disse. Concordou comigo...
Encantamento... Acho que não.
Apreciação da beleza alheia, do homem com porte de semi-deus descido do Olimpo, onde inteligência e beleza deram aos mãos.
Beleza e inteligência são elementos que encantam e adubam a admiração. Mas nada, além disso, senti. Engraçado. Não consigo parar de pensar em outro belo par de olhos, não tão claros como dia de verão, mas castanhos como a tarde pueril de outono... Agora, o ar frio e tão diferenciado desses dias marrons tem uma inspiração... Daqueles lindos olhos de madeira... Ah, que belo par!
Engraçado como a beleza, a inteligência e outros dotes não aquecem um coração que já se encontra em estágio avançado de paixão. Estágio ultra avançado da paixão. Estágio perigoso, porém o mais gostoso de todos...
Esse semi-deus não iria satisfazer nenhum dos meus desejos, justamente porque não consigo dissociar sentimento de desejo. Olho a beleza do belo par de olhos apenas com admiração, pois tudo o que é belo é para ser apreciado... O que me é engraçado é justamente essa coisa de olhar o belo, admirar e logo depois desejar a presença de outro par de olhos... Essa coisa sentimental é tão irritante quanto engraçada e única. Gosto muito desse estágio único em que me encontro. Algo que nesses tempos não havia compartilhado. Nunca havia sentido. Engraçado. A gente vive tantos sentimentos nessa caminhada, e muitas vezes nem sabemos diferenciar muito bem cada um deles. As intensidades são diferentes, os caminhos proporcionam outras sensações... Mas hoje senti bem a diferença entre  esses “sentires” diversos...
A viagem de si a si mesmo que devemos fazer é daquelas que a gente leva algumas vivencias, leva algumas coisas que deveríamos deixar pra trás, para nos reencontramos. Um amor a gente não pode deixar de levar, porque se sente saudade. Mas quando se tem apenas paixão, essa é uma das viagens mais perigosas a se fazer, porque a paixão é efêmera demais. É justamente essa viagem que deixa claro o que somos, o que queremos e o que amamos. Hoje acabei de crer que sei muito bem o que sou e o que quero. O que amo, ainda não sei dizer, apenas sinto e desejo... Simples assim. Infelizmente minha fala não é concebida com créditos, justamente por ser uma alma palhaça nesse mundão de falsas convenções...
Esse belo par de olhos azuis que me seguiu esses dias fortaleceu uma lembrança, uma memória, um sentimento, que nada tem a ver com a beleza dos dias de verão desse belo par. A saudade é doce como chocolate amargo e tem as cores de uma tarde pueril de outono. Venho aprendendo a ter suaves doses de amargo e doce em minha vida. Isso é bom, porque assim não se cansa do sempre doce e do sempre amargo, o equilíbrio é razoável... É assim que presença e distância se completam em meu coração...

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