Andava atenta aos passos e ruídos do tempo.
Andava pensando muito em coisas do passado.
Distraída, acabei me perdendo,
nos meus velhos passos.
Foi aí, que andando na rua de tardinha,
quando o inverno mais parecia tarde de primavera,
O sol iluminou um rosto no meio do caminho.
E na minha distração, me atentei ao belo.
O belo tem as cores da primavera,
primavera que ainda tarda a chegar,
mas pode ser refletida naqueles olhos,
olhos de castanheira, olhos de folha seca...
Atenta aos olhos, como sempre,
me encontrei distraída,
com um ar de criança que namora um brinquedo...
Foi quando a bela flor de ipê caiu...
E me trouxe a realidade.
Podia ter me deixado afogar naquelas folhas,
brincaria eternamente com a folhagem seca,
daqueles olhos cheios de sol.
Distraída... tenho que parar de andar distraída,
Porque sair de casa já é um risco
pra quem tem alguém no coração,
imagina pra quem não tem?
No meio do caminho sempre há algo de bonito,
sempre fica algo de bonito no meio do caminho,
Dessa vez, folha seca anunciou a primavera,
mesmo ainda no começo de rigoroso inverno...
Nada é tão bonito,
como a paisagem do meio do caminho,
Atenta às cores, me distraí,
e foi aí que te encontrei...
Two girls in black - Renoir - 1881
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